- 1981
- Tela
- Óleo
- Inv. 84P537
João Vieira
Alfabeto I
Em Alfabeto I de João Vieira, podemos encontrar as linhas fortes da sua obra pictórica, que sintetizamos pela distinção entre uma super-estrutura e uma infra-estrutura na composição e dinamização do plano pictórico, partindo da exploração da dinâmica gestual do desenho de estruturas sígnicas prévias. Neste caso, a super-estrutura corresponde às quatro bandas horizontais que organizam as letras, orientando a leitura sequencial do alfabeto. A infra-estrutura, por sua vez, é construída a partir das linhas dominantes das letras do alfabeto. Esta relação entre super e infra-estrutura dinamiza o quadro a partir do jogo entre uma predominante horizontal e estável na composição geral do quadro e os sucessivos cortes que as verticais, diagonais e linhas curvas das letras aí estabelecem. Esta perturbação é ainda reforçada pela pintura com espátula, que contrapõe a um fundo uniforme a mistura de tons resultante do arrastar da tinta em camadas sobrepostas. No entanto, Alfabeto I sugere uma inflexão na pintura de João Vieira, que podemos trabalhar a partir da diferença entre as duas bandas horizontais superiores apresentando o alfabeto em letra cursiva e as duas inferiores em letra formal. Ao trabalhar a partir do alfabeto e não de poemas, como por exemplo em Uma Rosa É, o pintor parece retornar à base teórica do Lettrisme, em que os poemas deveriam ser esvaziados de qualquer conteúdo semântico, interessando apenas o trabalho formal do som. Assim, o diferente trabalho do gesto entre a letra formal e a cursiva, bem como o uso de tons mais escuro, permite estabelecer uma elipse com obras como Rondó, de 1959, ou Fracção / Equação, de 1960, em que a pintura é pensada estritamente a partir das capacidades formais do desenho do signo.
André Silveira
Maio de 2013
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Altura | 200 | cm | |
Largura | 300 | cm |
Tipo | Aquisição |
Data | 3 Fevereiro 1984 |
Antológica de João Vieira |
Museu de Serralves |
Curadoria: Museu de Serralves |
Janeiro de 2002 a Março de 2002 Museu de Serralves, Porto |
Exposição antológica da produção de João Vieira. |