Amadeo de Souza-Cardoso

A casita clara paysagem
c. 1915 – 1916 (data atribuída)

Galeria


Informação técnica

Autor(es)
Amadeo de Souza-Cardoso (Manhufe, Portugal, 1887 – Espinho, Portugal, 1918)
Título
A casita clara paysagem
Título traduzido
The little bright house landscape
Data
c. 1915 – 1916 (data atribuída)
Materiais e meios
Tela; Óleo
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
Altura 30,50 cm (tela); Largura 40,50 cm (tela)
N.º de inventário
77P15

Inscrições

Tipo
Assinatura
Descrição
amadeo / de souza / c ardoso
Posição
Canto superior esquerdo

Incorporação

Tipo
Aquisição
Proveniência
Lucie de Souza Cardoso
Data
1977

Texto

Uma aguarela no acervo do CAM está seguramente associada a esta tela, e embora não seja certo ter sido um estudo, torna aqui clara a agilidade de Amadeo no métier da pintura a óleo – em pinceladas dextras e fluentes que amplificam as cores e estendem o espaço como se soltas das restrições do óleo. Os “contrastes simultâneos” entre estas cores vivas têm um claro parentesco em Robert Delaunay, então exilado em Vila do Conde, que os teorizava e reformulava desde que os inventou, curiosamente, numa série de Fenêtres [Janelas] (1912). Em parte, a simultanée formou-se como reacção ao claro-escuro do Cubismo. Mas esta pintura da cor pela cor era sobretudo encorajada por ser um fenómeno especificamente pictural e que correspondia a um estado de sensibilidade poética, o que foi de imediato celebrado por Apollinaire e Blaise Cendrars.

Amadeo não foi o único artista a fugir de Paris com a Guerra. Também Matisse se isolou em Collioure com Juan Gris, em 1914, pintando a sua célebre e sombria Porte-Fenêtre que abria para o preto absoluto do mundo em perigo. O contraste com os primeiros anos do exílio de Amadeo em Manhufe é notável, neste que foi um verdadeiro regresso ad uterum e deu origem a uma pintura plena de energia vital e de cores radiantes, com obras que se impõem na geografia do modernismo como “ex-cêntricas”, mas de maneira alguma insulares. A série de janelas que Amadeo pintou entre 1915 e 16, entre as quais esta obra, com as suas formas abstractas e cores comunicantes, torna claro porque se escreveu então que sobre elas corria o “vermelho, vermeeeeelho, amaaaaarélo, todos os tons de amarelo; verde intensamente verde, as cores da rapidez, da alegria, concebidas no tempo e não no espaço, as cores do carnaval mais estravagante e estridente”!*

 

Afonso Ramos

Março de 2011

 

* Excerto de um texto colado junto aos quadros de Amadeo na sua exposição individual no Porto em 1916. Autor desconhecido. Citado em Amadeo de Souza Cardoso: Diálogo de Vanguardas, CAM/FCG, Assírio & Alvim, Lisboa, p. 483.

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