• 1972
  • Papel
  • Tinta da China, Colagem e Guache
  • Inv. 83DP1129

João Abel Manta

A câmara de torturar palavras

João Abel Manta, que foi um dos maiores cartoonistas portugueses nas décadas de 1960 e 1970 e que ao longo da sua actividade publicou ilustrações emblemáticas para alguma da imprensa nacional mais relevante, como o Diário de Lisboa, onde começou por colaborar no suplemento Mesa Redonda e mais tarde em A Mosca, foi também ele vítima da censura vigente no período anterior ao 25 de Abril de 1974. O sistema controlava não apenas a informação a ser publicada na imprensa e noutros meios informativos, coartando a formação livre de opiniões, como também quaisquer formas de expressão artística, assim procurando assegurar a ordem estabelecida e manter o regime autoritário.

 

Nesta composição, Abel Manta representa precisamente a criação da máquina da censura durante o Estado Novo, ilustrando ironicamente o exercício e a acção de institucionalização da censura implementado por Salazar. Em Dinossauro Excelentíssimo (Lisboa: Arcádia, 1972), obra que esta ilustração integra, Cardoso Pires descreve a motivação do ditador como a vontade de “ver-se livre das palavras que o incomodavam” colocando em prática o  “plano para pôr o Reino a falar numa língua limpa e severa em que todos se entendessem” (p. 32).

 

 

 

Sandra Vieira Jürgens

Maio de 2015

TipoValorUnidadesParte
Altura26cmmancha
Largura18cmmancha
Largura20,8cmpapel
Altura30,8cmpapel
Tipo assinatura
TextoM.
Posiçãofrente, canto inferior direito
Tipo data
Texto72
Posiçãofrente, canto inferior direito
TipoAquisição
DataJulho de 1983
Atualização em 23 janeiro 2015

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