- 1986
- Tela
- Tinta acrílica
- Inv. 86P579
Ângelo de Sousa
86-3-15Q
A cor é para Ângelo de Sousa uma questão de escolha, de organização e de intensidade, e mesmo num só traço pode dar-se uma infinidade de variações. Do traço facilmente se passa à avaliação de fatias de cor em desenhos e pinturas: tiras em que entala a figura ou inscreve sinais, faixas contornadas pela cor complementar, ovais e gomos vivos, placas e camadas, frações cromáticas que descem e se juntam num vale ou num arco-íris.
Trabalhos como Geométrico Grande de 1967, feito de triângulos coloridos mantidos entre o plano e o volume pela combinação de efeitos ópticos dados pela cor e posição relativa de cada polígono, ou trabalhos com pequenas pintas de muitas cores, no mesmo ano, pré-historicizam a impregnação sucessiva das diferentes parcelas cromáticas que algumas pinturas de 1972/73 já apresentam em grau avançado, com pequenas manchas e camadas ainda perceptíveis à superfície e que as pinturas daí para a frente vão assumir plenamente: é o caso das telas inteiramente submersas numa mesma tonalidade amarela, laranja ou verde em que se entrevêem com dificuldade as camadas soterradas de outras cores, mas em cuja pulsação está o segredo duma superfície densa, intensa e cintilante.
A passagem constante da demarcação à contaminação dos territórios estende-se a diferentes trabalhos ao longo das décadas de 1970, 1980 e 1990. Fundo e forma partilham um mesmo plano e, não raramente, uma linha geométrica ténue solicita um certo esforço de percepção. As linhas marcam fronteiras que não dividem nenhuma diferença de natureza. A profundidade nestas pinturas é geológica e não representativa. Refere-se a camadas e não a pontos de fuga. Vive de imperceptibilidades e da submersão duma densidade cromática sob a cor dominante. Nos Monócromos as cores pesam debaixo de outras, e só uma linha que se quebra em dois ângulos quase invisíveis de tão abertos, ou a inclinação muito subtil da linha que divide o que podem ser mosaicos lembra essa latência.
Uma das mais frequentes constelações vocabulares dos textos sobre Ângelo de Sousa é a que reúne conceitos como despojamento, economia, nudez estrutural, essencialidade, rigor, vazio espacial, pureza, estilização, vocabulário elementar, despido e mínimo. Estas atribuições permitem que se tenha usado muito a referência ao minimalismo para falar de Ângelo de Sousa . No entanto, o programa minimalista americano nunca foi o seu. Ernesto de Sousa explicou-o bem num artigo publicado na revista Colóquio-Artes de Junho de 1975, em que diz que «todas as operações de A.S. revelam uma investigação rigorosa e lógica no sentido “minimal” mas sem que isso corresponda a um acerto pelo minimalismo».
Sobre a depuração que pretendia, ficou célebre a frase de Ângelo de Sousa: «Um máximo de efeito com um mínimo de recursos; um máximo de eficácia com um mínimo de esforço; um máximo de presença com um mínimo de gritos».
Leonor Nazaré
Maio de 2013
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Largura | 169,8 | cm | suporte |
Altura | 170 | cm | suporte |
Largura | 175,3 | cm | moldura |
Altura | 175,5 | cm | moldura |
Profundidade | 5 | cm | moldura |
Tipo | materiais |
Texto | Tela belga |
Posição | verso, quadrante inferior esquerdo |
Tipo | técnicas |
Texto | Pintura e preparação com emulsaão acrílica |
Posição | verso, quadrante inferior esquerdo |
Tipo | lugar |
Texto | Porto |
Posição | verso, quadrante superior esquerdo |
Tipo | data |
Texto | Março 86 |
Posição | verso, quadrante superior esquerdo |
Tipo | assinatura |
Texto | ÂNGELO/DE SOUSA/ |
Posição | verso, quadrante superior esquerdo |
Tipo | título |
Texto | 86-3-15Q |
Posição | verso, quadrante superior esquerdo |
Tipo | medidas |
Texto | 170 x 170 cm |
Posição | verso, quadrante superior esquerdo |
Tipo | Aquisição |
Data | 27 Agosto 1986 |
50 Anos de Arte Portuguesa |
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2007 |
ISBN:978-972-678-043-4 |
Catálogo de exposição |
III Exposição de Artes Plásticas |
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian - Centro de Arte Moderna, 1986 |
Catálogo de exposição |
Entre Duas Luzes - Obras da colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão |
Lisboa, Assembleia da República, 2004 |
ISBN:972 556 365 4 |
Catálogo de exposição |
Arte Contemporáneo Portugués |
Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, Centro de Arte Moderna, 1987 |
Catálogo de exposição |
Tipo | Etiqueta autocolante |
Posição | trave central horizontal |
Notas | etiqueta do inventário do CM |
Tipo | Etiqueta autocolante |
Texto | Ângelo de Sousa 86-3-15Q |
Posição | trave central vertical |
Tipo | Etiqueta autocolante |
Texto | Fundação Calouste Gulbenkian Exposição de Artes Plásticas Autor: Ângelo de Sousa Morada: Rua da Beneditina, 155 - 4100 Porto Modalidade: Pintura Título da obra: 86-3-15Q Técnica: acrílico em tela Medidas (cm): Altura 170 cm Largura 170 cm |
Posição | trave central horizontal |
III Exposição de Artes Plásticas |
CAM/FCG |
Curadoria: CAM/FCG |
20 de Julho de 1986 a 31 de Agosto de 1986 Galeria de Exposições Temporárias da sede Piso 0 e Hall dos Congressos |
Exposição de comemoração do 30.º aniversário da FCG |
Entre Duas Luzes - Obras da colecção do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão |
Jorge Molder |
Curadoria: CAMJAP/FCG |
Novembro de 2004 a Fevereiro de 2005 Assembleia da República |
Exposição realizada na Assembleia da República. |
Arte Contemporáneo Portugués |
Fundação Calouste Gulbenkian |
Curadoria: CAM/FCG |
Fevereiro de 1987 a Março de 1987 Madrid, Museo Espanõl de Arte Contemporáneo |
Exposição organizada pelo CAM e pelos ministérios dos "Asuntos Exteriores" e da Cultura de Espanha. A exposição apresentou obras da Colecção do Centro de Arte Moderna e de colecções particulares. |
50 Anos de Arte Portuguesa |
Fundação Calouste Gulbenkian |
Curadoria: Fundação Calouste Gulbenkian |
6 de Junho de 2007 a 9 de Setembro de 2007 Sede da FCG, Piso 0 e 01 |
Exposição programada pelo Serviço de Belas-Artes e pelo Centro de Arte Moderna, da Fundação Calouste Gulbenkian. Comissariado: Raquel Henriques da Silva, Ana Ruivo e Ana Filipa Candeias |