- 1976
- Papel Fotográfico
- Fotografia, Desenho e Colagem
- Inv. 94FP378
Helena Almeida
Desenho Habitado
Para quem, como Helena Almeida, assume que a pintura é fundante em toda a sua obra, a questão da mão não é de somenos importância, e ganha em várias obras uma relevância, em termos de construção de imagem, superior a outras partes do corpo: é pintada e recebe cor, ou ocupa o primeiro plano, como nesta série de 12 fotos em que o fio de crina permite construir uma sequência e uma narrativa na qual o traço começa por estar agarrado ao papel, depois ergue-se ou salta deste formando pequenos arcos ou voltas, e finalmente regressa à superfície.
O desenho dir-se-ia platonicamente presente. O traço materializa-se através do fio de crina, nascendo da ponta da caneta, percorrendo a superfície muda da folha de papel, ganhando presença corpórea, e é como se o corpo da artista se vertesse ou se preparasse para «aparecer». Almeida disse: «… é a fotografia que é o suporte. Ou serei eu o suporte! Quando se utiliza a fotografia, fotografa-se o próprio suporte que sou eu. É uma espécie de duplo de mim mesma (…) passei eu a ser o suporte.»*
Esta identificação entre corpo e obra é uma das linhas fundamentais do vocabulário artístico de Helena Almeida, bem como a utilização da fotografia que lhe permite trabalhar a fronteira entre várias linguagens, do desenho ao vídeo, passando pela pintura e a performance, sempre num regime de auto-representação.
O corpo da artista, e as imagens que lhe são inerentes – das mãos à boca, do rosto ao corpo inteiro –, será sucessivamente trabalhado ao longo da sua obra, nunca como auto-retrato, nem tão pouco como encenação ou teatralização de outras personagens ou figuras, mas sempre como uma presença reiterada de si mesma. Jamais será trabalhado como uma descrição ou demonstração essencialista – nada ficamos a saber, perante as suas fotografias, sobre o seu carácter, personalidade, gostos, pensamentos ou concepções do mundo. Mas também, pouco ficamos a saber sobre o seu corpo concreto, esta mão podia ser qualquer mão, uma mão «universal» que desenha um fio que depois se torna físico e tridimensional.
Isabel Carlos
Maio de 2010
* Entrevista a Óscar Faria, Público, 02.12.1995.
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Altura | 40 | cm | |
Largura | 50 | cm |
Tipo | assinatura |
Texto | Helena Almeida |
Posição | frente, canto inferior direito |
Tipo | data |
Texto | 76 |
Posição | frente, canto inferior direito |
Tipo | título |
Texto | Desenho habitado |
Posição | verso do platex de cada uma das peças |
Tipo | outras |
Texto | peça única |
Posição | verso do platex de cada uma das peças, por baixo do título |
Tipo | assinatura |
Texto | Helena Almeida |
Posição | verso do cartão, canto inferior direito |
Tipo | data |
Texto | 76 |
Posição | verso do cartão, canto inferior direito, a seguir à assinatura |
Tipo | outras |
Texto | (série de 12 fotos) |
Posição | verso do cartão, canto inferior esquerdo |
Tipo | Aquisição |
Data | Junho de 1994 |
A indisciplina do desenho |
Lisboa, Instituto de Arte Contemporânea - Ministério da Cultura, 1999 |
ISBN:972-8560-12-3 |
Catálogo de exposição |
Tipo | Carimbo |
Texto | centro difusor de arte |
Posição | verso do cartão |
Notas | Galeria Módulo |
Desenhos e esculturas do CAMJAP |
Câmara Municipal de Porto de Mós |
Curadoria: CAMJAP/FCG |
8 de Julho de 2005 a 28 de Julho de 2005 Castelo de Porto de Mós |
Esta exposição enquadra-se nas comemorações dos 700 anos do Foral da Vila de Porto de Mós - 8 a 28 JUL 2005 |
Pés no Chão, Cabeça no Céu |
Centro Cultural de Belém |
Curadoria: Centro Cultural de Belém |
19 de Março de 2004 a 6 de Maio de 2004 Galeria 1 do Centro Cultural de Belém |
Exposição sobre a obra de Helena Almeida. |
A indisciplina do desenho |
Instituto de Arte Contemporânea |
Curadoria: Miguel Wandschneider |
24 de Março de 2000 a 31 de Abril de 2000 Museu de Aveiro |
20 de Novembro de 1999 a 26 de Dezembro de 1999 Fundação Cupertino de Miranda, Vila Nova de Famalicão |
8 de Janeiro de 2000 a 13 de Fevereiro de 2000 Museu José Malhoa, Caldas da Rainha |
Exposição Comissariada por Miguel Wandschneider e Paula Leitão. |