Amadeo de Souza-Cardoso

(D. Quixote)
28 fev 1914

Galeria


Informação técnica

Autor(es)
Amadeo de Souza-Cardoso (Manhufe, Portugal, 1887 – Espinho, Portugal, 1918)
Título
(D. Quixote)
Data
28 fev 1914
Materiais e meios
Tela; Óleo
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
Largura 130,00 cm (tela); Altura 149,00 cm (tela)
N.º de inventário
86P26

Inscrições

Tipo
Data
Descrição
28-fev. / 1914
Posição
Quadrante superior direito

Incorporação

Tipo
Aquisição
Proveniência
Lucie de Souza Cardoso
Data
1986

Texto

Datado com precisão — 28 fevereiro 1914 —, algo raro na obra de Amadeo, esta pintura recupera a figura de Dom Quixote, que surgira igualmente em Le Moulin, um desenho a tinta da China e guache para o álbum XX Dessins, de 1912. O tratamento gráfico, plástico e humorístico das duas representações não poderia ser mais distinto.

Enquanto em Le Moulin a narrativa, as personagens e os espaços são identificáveis, a pintura de 1914 é mais abstrata. Grande parte do dinamismo do desenho a preto e branco assenta na decoração minuciosa e repetitiva de sombreados, vegetação, de ondas e de raios de sol, em contraste com as superfícies mais lisas e sóbrias, o moinho e a ponte que ocupam um lugar central. A pintura, toda em tonalidades claras de rosa, amarelo, verde e azul, é composta por formas circulares ou arredondadas, à exceção da lança castanha que atravessa quase toda a obra e reforça a sua verticalidade. Neste caso, o movimento é gerado pelo borbulhar de círculos e fluxos, entre a terra e a água, menos estanques do que no desenho, onde os espaços estão bem demarcados.

Na pintura não há rasto do moinho, talvez uma espécie de hélice vermelha à esquerda possa sugerir uma roda, mas de forma muito fragmentada e subtil. Embora Quixote seja colocado ao centro, não desempenha nenhuma ação relevante. O protagonista surge cabisbaixo ou simplesmente observando Rocinante, sem Sancho Pança, que no desenho introduzia uma nota cómica, a dormir a sesta enquanto o amo estava prestes a atacar o seu delírio. Amadeo desvia-se desse clímax de um dos capítulos mais célebres de Cervantes para pintar um momento de pausa marcado pela relação entre o cavaleiro e o cavalo, enquanto Rocinante bebe água. Nesta versão, mais resistente à narrativa de D. Quixote, celebram-se dois temas importantes trabalhados pelo artista português: o cavalo e o imaginário medieval.

 

Marta Soares

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.