• 1994
  • Papel Fotográfico
  • Fotografia
  • Inv. 96FE56

Thomas Joshua Cooper

Cabo da Roca (6 a.m.)

A série de imagens sobre cinco cabos da costa portuguesa (Roca, Espichel I e II, São Vicente I, II e III, Carvoeiro, Sagres) insere-se num projeto mais vasto, com o título The World’s Edge – The Atlantic Basin Project, que Thomas Joshua Cooper iniciou em 1987. Este projeto ambicioso consistia em fotografar não só as extremidades geográficas dos continentes que circundam o Oceano Atlântico (e das ilhas que nele existem), mas também os locais históricos da costa que foram fontes da nossa civilização (Sagres no caso destas imagens). Para tal, o autor segui a costa desde o norte da Europa até ao extremo sul de África, do ponto mais meridional da costa sul-americana ao norte da Gronelândia, a fim de alcançar, numa procura muitas vezes solitária e em condições difíceis, e fotografar o local indicado no mapa.

Neste projeto, o autor optou formalmente pela situação em que o fotógrafo se coloca de costas para terra e olha para o mar. De ponto de vista técnica, utilizou uma câmara fotográfica de grande formato (negativo de 13 x 18 cm) com mais de 100 anos de idade, fabricada no estado de Nova Iorque em 1898. Esta maneira particular de trabalhar – de restringir-se a apenas uma imagem de uma determinada paisagem – pode parecer um contra-senso, atendendo ao esforço exigido pelo transporte da máquina e do tripé e o tempo necessário para a montagem e tomada de vista. No entanto, para o autor, o fazer da imagem (ele recusa a frase tirar uma fotografia) é o culminar de todo um processo de viagem, de preparação e montagem do material, de pré-visualização e medição de luz, até chegar o momento fugaz do disparo do obturador. É uma fotografia demorada que espera por um instante particular. É a relação do momento que estabelece com a paisagem que lhe interessa, não tanto a captação da melhor luz ou das melhores condições. É uma fotografia contingente, quase com uma dimensão performativa, no sentido de fazer do encontro e da experiência pessoal um ato único e irrepetível, registado numa única imagem.

A aparente simplicidade da imagem e a subtileza da proximidade da terra, por vezes apenas visível no quebrar da onda, sugerem uma suspensão do olhar do observador que, eventualmente ancorado na sugestão da terra, se perde na incerteza do conflito e da desordem quase hipnótica do mar. A atracão que exerce essa vastidão do mar transforma-o numa metáfora de libertação e de infinito, mas também do desconhecido, num misto de beleza e de desconforto, de contemplação e de ação.

As palavras de Thomas Joshua Cooper, na abertura do catálogo publicado pela altura da sua exposição no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (Dezembro de 1994 – Janeiro 1995), são bem a medida das suas imagens: «Sou fabricante de imagens e contador de histórias. A minha arte é uma arte de duração, compasso e pausa – de narração. A contemplação é a minha actividade física predominante.»

* Thomas Joshua Cooper, A Simples Contagem das Ondas, Lisboa: CAM/FCG, 1994, p. 9.

JO
Novembro de 2011

TipoValorUnidadesParte
Altura58,7cmmancha
Largura83,9cmmancha
Tipo n.º de série
Texto(a work in eight parts) 1st of 8
PosiçãoVerso e centro da fotografia
Tipo outras
TextoThe world´s edge Remebering Megellan The Atlantic Ocean Five Caps - Cabo da Roca Portugal Farthest West - Continental Europa
PosiçãoVerso e centro da fotografia
Tipo data
Texto1994
PosiçãoVerso e centro da fotografia
TipoAquisição
DataDezembro de 1996
Thomas Cooper
Centro das Artes Casa das Mudas
Curadoria: Centro das Artes Casa das Mudas
29 de Outubro de 2005 a 27 de Março de 2006
Centro das Artes Casa das Mudas, Madeira
A exposiçãu reúniu trabalhos realizados pelo artista Thomas Cooper entre 1994 e 2003.
Atualização em 21 agosto 2024

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