Sem título, de Bruno Cidra
Bruno Cidra pertence a uma geração de artistas de que fazem parte André Romão, Mariana Silva ou Ana Manso, recentemente integrados na Coleção, ou ainda Gonçalo Sena e Joana Escoval. O seu trabalho em escultura é sensível e caracterizado por equilíbrios expressivos entre suspensão e localização, entre densidade, peso, (des)aparecimento e elevação. Ferro e papel coexistem na definição de uma materialidade ambígua. Algo de imaterial e volátil se inscreve no espaço em que instala as suas peças, apesar da firmeza e da capacidade de permanência que os trabalhos apresentam.
Esta obra é caracterizada por uma desconcertante simplicidade: o seu caráter minimal, a sua vocação de instalação no espaço e a sua singularidade facilmente a tornam imaginável integrada em diálogos visuais com peças da coleção de diferentes gerações.
«O trabalho de Bruno Cidra (Lisboa, 1982) parte da síntese entre Escultura e Desenho. As suas esculturas em ferro e papel exploram a tensão e o diálogo das materialidades opostas e valores afectos a cada disciplina, como resistência e fragilidade, peso e leveza, permanência e efemeridade. Tomando o espaço de exposição como espaço de composição, a escultura de Bruno Cidra desenha novos percursos, ritmos e enquadramentos, define novos eixos e referências visuais, regiões de concentração ou dispersão, convidando o espectador ao constante reajuste da sua relação com o espaço», Maria Joana Vilela na folha de sala da exposição Passar pelas Mãos, 2019.
Equilíbrio, lineariedade, (dis)torsão, geometria, gravidade, abertura, moldura, linha, volume, transparência, leveza e movimento são ideias que se sobrepõem em interpelação direta da nossa relação com o lugar e a natureza da escultura.