«Criar um espaço seguro para permitir aprendizagens através de caos colorido»

A Oficina Fritta, um coletivo de artistas em residência no Espaço Educativo do CAM, reflete sobre o trabalho desenvolvido com as famílias na ZAAM.
02 dez 2024 5 min

O que vos aliciou no convite feito pelo CAM?

Ter a possibilidade de trabalhar com muitas pessoas durante um tempo prolongado, tendo a liberdade de experimentar coisas diversas, mas que tem como denominador comum a expressão plástica e a reflexão sobre o processo criativo em si. 

Refletir com quem entra na ZAAM: Zona de Ação Artística Mutante sobre como conhecemos o mundo à nossa volta e como agimos/temos agência sobre ele. A nossa palavra-chave é «mutação» para esta residência.

Também achámos interessante a possibilidade de trabalhar em diálogo com os artistas da coleção e de ter conversas acerca de algumas das temáticas que envolvem o momento presente do CAM. Obviamente é algo guloso, sobretudo porque estamos num lugar privilegiado: não só conversamos com o CAM, como com o seu público. 

A nossa missão como coletivo residente tem sido desde logo a de criar um espaço seguro para permitir aprendizagens através de caos colorido (e controlado), surpresa e pequenas transgressões e perguntas que não necessitam de respostas imediatas.

E, obviamente, também nos aliciou a possibilidade de criar estes espaços numa instituição que contempla um leque tão amplo de expressões artísticas. Podermos, portanto, trabalhar em conversa com um jardim, com uma cidade, um filme, uma pintura, um prato de comida ou uma ideia arquitetónica é algo que nos entusiasmou e nos deu a certeza que não nos iríamos aborrecer durante um ano de ZAAM, e que tínhamos muitos experimentos por fazer.

Em que consiste esta residência no espaço educativo?

Estabelecemos uma ZAAM: Zona de Ação Artística Mutante no Espaço Educativo do CAM. Na ZAAM, criamos e partilhamos propostas de «ações» diferentes a cada mês. 

Cada domingo, a ZAAM tem como ingredientes imprescindíveis o diálogo com a Coleção do CAM, o seu público e a expressão plástica.

Aqui convidamos o público a juntar-se a nós em coisas que gostamos de fazer. Convidamo-lo a ver o CAM como um espaço de ação, no qual o visitante deixa o papel mais comum de ser só um espectador e é desafiado a fazer: ter um espaço onde pode colaborar e criar coisas junto com outras pessoas, a partir do que vê.

O próprio nome da ZAAM contém esta ideia. Nós encaramos o Espaço Educativo como uma «Zona de Ação Artística Mutante» e a Oficina Fritta sempre se definiu como um coletivo dedicado à mediação plástica (entre muitos outros empreendimentos).

Qual a importância do desenho de espaços de encontro com famílias num Centro de Arte?

Tornar o espaço «museal» mais acessível, aberto e presente. 

O desenho de espaços de encontros com famílias permite desconstruir as ideias preconcebidas sobre o que se faz num centro de arte, criar memórias especiais, surpreender, inspirar, descontrair, partilhar ferramentas tanto com as pessoas adultas como com as mais pequenas. 

Fomentar uma visão crítica e prazerosa do que é fazer e consumir arte, num espaço seguro e informal, onde se possa falhar, refletir sobre perguntas sem a ansiedade de dar respostas certas e onde as famílias se possam conhecer numa outra luz, ao fazer uma atividade não habitual.

Tentamos sempre proporcionar experiências que sejam interessantes, independentemente de se ter 4 ou 44 anos, e que necessitem da colaboração e do brilho de toda a gente. Ninguém faz nada sozinho na Oficina Fritta.

O que é exatamente o ZAAM: Zona de Ação Artística Mutante?

A ZAAM é um lugar de experimentação não vigiado, onde se treina o erro, a partilha de conhecimento e se fazem experiências.

São lemas desta ZONA:

  • Divertimento
  • Prazer
  • Barulho
  • Caos organizado
  • Finais em aberto
  • Contaminação 
  • Improvisação

Como tem estado a correr?

A ZAAM não existe há muito tempo.

Mas até agora temo-nos deparado a cada dia com uma avalanche de pessoas de todas as idades a passar pela Zona: uma corrente assustadora e cheia de adrenalina – não vamos negar. Também observamos várias pessoas a regressar à ZAAM em meses seguidos e estações distintas, o que nos dá imenso gosto – é sempre bom ter colaborações que duram mais do que um dia.

Que ideias estão a planear para o futuro? O que podemos esperar mais?

A verdade é que não temos planos, temos sim algumas vontades. Mas estamos sempre a analisar e a testar o território. Temos muita liberdade no CAM, mas também, numa casa tão grande – e com tantas pessoas a trabalhar ao mesmo tempo – não se pode fazer tudo. Estamos em diálogo, mas também em negociação constante com o espaço.

Quando dizemos que não temos planos é porque estamos a permitir-nos o luxo de que as ideias mudem e se deixem contaminar pelas reações que vamos tendo do público –mês por mês. Como este é um espaço de residência estamos a encará-lo como tal. 

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