«Luiz Vaz 73» na Coleção do CAM

No dia 2 de junho, o CAM associou-se às celebrações do centenário do nascimento de Ernesto de Sousa (1921-1988) com a apresentação de «Luiz Vaz 73», assinalando a integração da obra mixed-media na Coleção em 2019.
Rita Fabiana 16 jun 2021 3 min
Obras da Coleção do CAM

No ano em que se comemora o centenário do nascimento do artista multidisciplinar, realizador, curador, crítico e ensaísta Ernesto de Sousa (Lisboa, 1921-1988), o Centro de Arte Moderna, em colaboração com o Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian e o musicólogo Jaime Reis, apresentou, no palco do Grande Auditório, Luiz Vaz 73 (1975-1981), uma obra mixed-media da autoria de Ernesto de Sousa e do compositor, pianista, maestro e professor Jorge Peixinho (Montijo, 1940-Lisboa, 1995).

A sua apresentação marcou também a incorporação da obra física e da documentação associada dos dois autores na Coleção do CAM, em 2019, completando assim um ciclo de trabalhos de conservação (restauro, digitalização dos diapositivos analógicos e transcrição digital das fitas magnéticas), de estudo e de reconstituição material e histórica da obra.

Excerto da apresentação da obra «Luiz Vaz 73». Palco do Grande Auditório, Fundação Calouste Gulbenkian, 2 de junho de 2021

 

O título Luiz Vaz 73 faz referência à obra Os Lusíadas, de Luiz Vaz de Camões, publicada 400 anos antes em Lisboa, em 1573. O poema épico esteve na génese da composição de uma obra de música eletrónica, com o mesmo título, que o compositor Jorge Peixinho realizou em Gante, no Instituto de Música Psicoacústica e Electrónica (IPEM), entre 1973 e 1974. Em 1975, Jorge Peixinho e Ernesto de Sousa começam a trabalhar no «envolvimento musical-visual» Luiz Vaz 73, a partir de quatro dos dez cantos do poema (I, III, IX e X). 

A obra Luiz Vaz 73 (inv. 19E1908) é simultaneamente um projeto espacial, visual e sonoro, construído a partir de uma estrutura visual e de uma composição musical, com improvisação ao vivo (instrumentos acústicos e não convencionais, na sua maioria os originais que Jorge Peixinho utilizava) pelo Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, fundado pelo compositor em 1970.

Esta apresentação seguiu o guião da apresentação do projeto na Galeria Nacional de Arte Contemporânea de Belém em 1976, que contou então com a colaboração plástica de Fernando Calhau na conceção do espaço, e nela estiveram presentes os membros do GMCL Ana Castanhito (harpa), Jorge Sá Machado (violoncelo), José Sá Machado (violino), João Pereira Coutinho (flauta), Luís Gomes (clarinete), Ricardo Mateus (viola d’arco), sob a direção de Jaime Reis, que também esteve a cargo da realização da difusão espacial da música eletrónica de Jorge Peixinho.

A obra foi apresentada em duas sessões no dia 2 de junho de 2021, acompanhada de uma brochura, que pode ser descarregada gratuitamente.

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