Ensaios da performance musical «Sons de uma Revolução», na Fundação Calouste Gulbenkian © Pedro Pina
Sons de uma Revolução
Projeto participativo
Celebração dos 50 anos da Revolução do 25 de Abril de 1974
Sons de uma Revolução é um projeto artístico e participativo que resulta numa performance musical criada pelo artista contemporâneo Mikhail Karikis com os alunos do Artallis – Conservatório d’Artes de Loures e com os compositores Sara Ross, Teresa Gentil e Francisco Joaquim. Da equipa criativa, fazem ainda parte o coreógrafo Maruan Sipert e o sociólogo e músico Alix Sarrouy. A orquestra será conduzida pelo maestro Diogo Costa.
Inspirado por um dos gestos mais emblemáticos da Revolução de Abril – a colocação de cravos vermelhos nos fuzis dos soldados –, o artista Mikhail Karikis propõe uma reflexão sobre as revoluções por fazer na conjuntura planetária atual onde a sustentabilidade do planeta se afigura uma ameaça com efeitos transversais e globais. Recuperando a ideia de uma contraposição da natureza (como uma força geradora de vida) à tecnologia bélica (destinada a matar) contida nesse gesto poético do cravo contra a espingarda, Karikis e os jovens alunos do Artallis procuram chamar a atenção para as alterações climáticas e seus efeitos sociais, políticos e económicos, deslocando a noção de Revolução para os elementos naturais e a natureza.
Este projeto participativo de criação musical e performativa, que envolve a participação de 52 alunos do Artallis entre os 14 e os 24 anos ao longo de um ano, bem como os três compositores contemporâneos Sara Ross, Teresa Gentil e Francisco Joaquim, o coreógrafo Maruan Sipert e o sociólogo e músico Alix Sarrouy, culmina numa performance no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian com a Orquestra Gulbenkian, a 14 de setembro de 2024, e numa obra audiovisual a apresentar no CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian, em 2025.
Esta parceria entre o CAM, a Gulbenkian Música e o Artallis enquadra-se no cruzamento de vontades de expandir a relação dos jovens com a produção artística contemporânea, num modelo colaborativo e participativo de trabalho, alargando os territórios de abrangência de ação de ambas as instituições.
Mikhail Karikis tem uma vasta prática de trabalho de proximidade e parceria com comunidades que se situam fora do contexto habitual da arte contemporânea, desenvolvendo a sua ação no cruzamento entre som, imagens em movimento e performance. Em Sons de uma Revolução, o artista dá continuidade à sua pesquisa recente e desafia os participantes a explorar artística e musicalmente questões como: até que ponto se sentem os jovens envolvidos na democracia resultante da Revolução de Abril? De que forma é que os valores revolucionários de liberdade e autodeterminação se aplicam às suas vidas atuais? De que forma é que o icónico gesto de Celeste Caeiro com os cravos pode servir de mote para outras formas de imaginar e concretizar futuros de esperança para o planeta? Que outras revoluções nos pede a natureza? Quais os sons desta revolução em curso? Destas reflexões coletivas resultará a partilha e criação de temas que serão incorporados na partitura que dará origem ao espetáculo e à obra audiovisual.
O Artallis tem como missão “Inspirar, envolver e educar para um mundo melhor, através da arte”, nomeadamente através da ampla oferta educativa de cursos de formação artística especializada na área da música e da dança para todos os níveis de ensino básico e secundário em articulação com o Ministério da Educação. É a escola de ensino artístico especializado do Concelho de Loures e o seu surgimento em 2008 liga-se diretamente a um profundo desejo de criar espaços para o fortalecimento, educação e empoderamento de uma comunidade com dificuldades ao acesso ao ensino artístico. Esta estrutura tem desenvolvido um trabalho pedagógico, artístico, cultural, investigativo e social com um impacto notável e extraordinário na sua comunidade envolvente, mobilizando cerca de 8000 pessoas a aprender e fazer música juntas, desenvolvendo uma ferramenta pedagógica única e distintiva que combina percussão corporal e voz, e fazendo da música uma ferramenta poderosa de integração social.
Biografias
Mikhail Karikis
Mikhail Karikis (Tessalónica, Grécia, 1975) vive entre Lisboa e Londres. O seu trabalho desenvolvido em diversos suportes tem vindo a ser exibido internacionalmente em museus, bienais de arte contemporânea e festivais. Karikis lançou três álbuns de música a solo, e compilações e álbuns colaborativos com o consorte Alamire, membros do Hilliand Ensemble, com Dj Spooky e Björk. Atua como músico e vocalista experimental em museus e salas de espetáculo como o Barbican Art Centre e a Royal Opera House Covent Garden. É professor na MIMA School of the Arts and the Creative Industries, no Reino Unido.
Teresa Gentil
Teresa Gentil é compositora, pianista e investigadora. Desenvolve atualmente um doutoramento em etnomusicologia e foi bolseira de investigação da FCT. Compõe para orquestra, teatro, teatro musical, cinema e dança. Colaborou regularmente com o serviço educativo da Fábrica das Artes (CCB-Lisboa), Casa da Música (Porto), Plano Nacional de Leitura, Orquestra Barroca D' Áquem Mar e a companhia Formiga Atómica. Editou cinco álbuns originais e foi distinguida com o Prémio Zeca Afonso, atribuído pelo Município de Almada, e pelos prémios Labjovem Música e Teatro, atribuídos pelo Governo Regional dos Açores.
Sara Ross
Sara Ross (Açores, 1989) é compositora. Em 2024 é Jovem Compositora em Residência na Casa da Música. Estudou música acusmática com Sebastian Castagna, na Teesside University e composição com Luís Tinoco, Carlos Caires e António Pinho Vargas, na Escola Superior de Música de Lisboa. Recebeu uma menção honrosa no Prémio Bernardo Sassetti III, a menção “Melhor Música Portuguesa” no concurso Miso Music 2009 e foi selecionada para a Mostra Nacional de Criadores 2014. Foi arranjadora de Songs for Shakespeare de Maria João & OGRE Electric e editou o single To Hope. Colaborou com o Ensemble Juvenil de Setúbal - projeto artístico para a inclusão social.
Francisco Joaquim
Francisco Joaquim (2000) é compositor e integra a Orquestra de Percussão Corporal do Conservatório Artallis. Trabalha regularmente com a Orquestra PhilarmoniCAL e a Lisbon Film Orchestra. Formou-se em guitarra clássica no Conservatório d'Artes de Loures e licenciou-se em composição pela Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou sob a orientação dos professores João Madureira, Luís Tinoco e Sérgio Azevedo.
Maruan Sipert
Maruan Sipert é coreógrafo e performer. Nas suas práticas trabalha com a arte numa perspetiva intercultural e entre fronteiras, tanto geopolítica como de linguagens. Os seus interesses de pesquisa envolvem o conceito de Coreografia Social nas múltiplas relações entre corpos, arquiteturas e paisagens. Colabora com diferentes artistas, apresentando trabalhos em festivais, teatros e galerias em diversos países.
Alix Sarrouy
Alix Sarrouy é músico e sociólogo das artes. É investigador no Instituto de Etnomusicologia - Música & Dança da NOVA.FCSH, onde desenvolveu o projeto YouSound - Educação musical como ferramenta de inclusão de refugiados menores de idade na Europa. É coeditor de A arte de construir cidadania: juventude, práticas criativas e ativismo (Tinta da China) e autor de Atores da educação musical: etnografia nos programas socioculturais El Sistema, Neojiba, Orquestra Geração (Húmus-CICS.NOVA).
Diogo Costa
Diogo Costa (1989), maestro recentemente laureado no Prémio Jovens Músicos em Direção de Orquestra, tem vindo a trabalhar na produção de várias óperas com alguns dos mais destacados encenadores e maestros. Em 2020, Diogo Costa foi finalista no Mackerras Fellowship da Ópera Nacional de Inglaterra e semifinalista na Siemens Hallé International Conducting Competition. Colabora com orquestras nacionais, como a Orquestra Gulbenkian, e internacionais, como a West European Studio Orchestra, bem como com músicos de jazz de renome: Benny Golson, Perico Sambeat, John Ellis.