Helena Lapas, One Step Beyond, 1969–1974. Técnica mista (bordado e apliques sobre suporte e juta). Coleção da Artista © Helena Lapas Foto: Museu da Tapeçaria de Portalegre – Guy Fino.
O poder com que saltamos juntas
Mulheres artistas em Espanha e Portugal, entre a ditadura e a democracia
IVAM, Valência: 30 de maio a 29 de setembro de 2024
CAM, Lisboa: 11 de abril a 15 de setembro 2025
«O poder com que saltamos juntas» – título retirado do livro Novas Cartas Portuguesas (1972), de Maria Velho da Costa, Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta – é a primeira exposição que investiga, de forma conjunta, o trabalho desenvolvido pelas artistas mulheres na Península Ibérica entre a fase final das ditaduras (início da década de 1960) e os primeiros anos da democracia (início da década de 1980) em Portugal e em Espanha.
Marcadas por regimes autoritários, repressivos, tradicionalistas e católicos, sob a liderança de dois chefes de estado com ideologias muito próximas do fascismo, as histórias de Portugal e Espanha refletiam também uma visão extremamente conservadora da mulher, sobretudo como esposa e mãe, desprovida de direitos legais e sem acesso a oportunidades de mudança.
Assim, as artistas mulheres da Península Ibérica partiam de uma posição periférica por ocuparem um lugar marginal no mundo da arte em relação aos homens, além de se encontrarem afastadas geograficamente da cena artística internacional, usufruindo de pouca visibilidade e trabalhando, muitas vezes, na clandestinidade.
Reunindo obras de 59 criadoras, 29 espanholas e 30 portuguesas, esta exposição pretende mostrar de que forma estas mulheres – sozinhas ou coletivamente – rejeitaram esta experiência da marginalidade e se converteram em agentes de mudança, salientando a grande pluralidade de linguagens, temas e estratégias que usaram para sobreviver num mundo que era essencialmente masculino.
Embora partilhem características linguísticas e culturais e sejam países muito próximos em termos geográficos, Portugal e Espanha mantiveram, durante este período, uma distância significativa no campo das artes visuais, uma vez que os criadores procuravam referências sobretudo nos grandes centros artísticos, como Paris, Londres ou Nova Iorque, aos quais desejavam pertencer.
Contudo, entre as décadas de 1960 e 1980, houve vários pontos de encontro e de intercâmbio entre artistas espanholas e portuguesas em ambos os países, muitos dos quais desconhecidos ou esquecidos pelos investigadores ou pelo público. Esta exposição propõe recuperar e analisar estes eventos, trazendo à luz os contactos que se desenvolveram e as afinidades que promoveram.
Com curadoria de Giulia Lamoni e Patricia Mayayo, a exposição apresenta material de arquivo e obras de várias tipologias, provenientes não só das coleções do CAM e do IVAM, como dos acervos de outras instituições – como o Museu Reina Sofia, o Museu Vostell Malpartida de Cáceres ou o MACBA, entre outros – e de colecionadores particulares.
A exposição será acompanhada de uma publicação.
Curadoria: Giulia Lamoni e Patricia Mayayo
Artistas em exposição
ES: Carme Aguadé, Elvira Alfageme, Elena Asins, Eugénia Balcells, Isabel Baquedano, Ana Buenaventura, Magda Bolumar, Maria Teresa Codina, Ángela García Codoñer, María Droc, Esther Ferrer, Teresa Gancedo, Marisa Gonzalez, Eulalia Grau, Silvia Gubern, Concha Jerez, Eva Lootz, Helena Lumbreras, Jane Millares Sall, Fina Miralles, Aurelia Muñoz, Isabel Oliver, Ana Peters, Angels Ribé, Elisenda Sala, Soledad Sevilla, Aurora Vallero, Juana Francés, Lola Bosshard
PT: Maria José Aguiar, Helena Almeida, Manuela Almeida, Maria Beatriz, Irene Buarque, Gracinda Candeias, Lourdes Castro, Luísa Correia Pereira, Renée Gagnon, Ana Hatherly, Alice Jorge, Helena Lapas, Bertina Lopes, Teresa Magalhães, Clara Menéres, Menez, Marina Mesquita, Elisabete Mileu, Graça Morais, Emília Nadal, Maria José Oliveira, Graça Pereira Coutinho, Ção Pestana, Paula Rego, Joana Rosa, Túlia Saldanha, Maria Antónia Siza, Salette Tavares, Fátima Vaz, Ana Vieira
Coprodução
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