Novo edifício e jardim

O CAM tem um edifício redesenhado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, que colaborou com o arquiteto paisagista Vladimir Djurovic, para integrar na perfeição arquitetura e natureza.

Kengo Kuma reimaginou completamente o anterior edifício do CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian, da autoria do arquiteto britânico Leslie Martin e inaugurado em 1983. A profunda reconfiguração do CAM parte de um projeto que ambiciona estabelecer uma maior ligação entre o edifício e a área alargada do Jardim Gulbenkian.

O projeto de Kengo Kuma pretende dissolver a fronteira entre estes dois espaços, propondo uma integração holística de todos os elementos da paisagem. A grande pala coberta de azulejos brancos de linhas suaves e orgânicas, que agora marca a fachada do novo edifício, transforma a sua entrada principal numa zona de passagem entre o CAM e o jardim, pensada para a socialização de quem o visita. Um espaço que pode ser simultaneamente de proteção e descontração, de acolhimento e de liberdade.

Kuma inspirou-se na tipologia Engawa, um caminho protegido pelo beiral do telhado, que não é totalmente interior ou exterior e que se encontra frequentemente nas casas tradicionais japonesas. O conceito Engawa está também refletido em várias características do edifício, desde a conceção de novos espaços expositivos à abertura de variados pontos de acesso.

A transparência dos volumes e a forma como a luz natural incide no seu interior pretendem sublinhar a ideia do CAM como um centro de arte aberto e acessível, onde todas as pessoas são encorajadas a fazer deste o seu espaço.

O Engawa e a forma como este se traduz no edifício, com as suas linhas orgânicas e natureza acolhedora, inspiraram também o atelier de design A Practice for Everyday Life a desenvolver a nova identidade visual do CAM.

Este conceito estende-se ainda à missão do novo CAM que propõe uma programação multidisciplinar fortemente comprometida em chegar a públicos diversificados e que convida a uma experiência mais participativa.

Em colaboração com o arquiteto paisagista Vladimir Djurovic, foi reforçada a relação entre a natureza envolvente e o edifício, que está agora mais imerso na paisagem.

A proposta de Vladimir Djurovic para o Jardim Sul desenvolve a visão dos arquitetos portugueses Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto para o jardim preexistente, utilizando espécies da vegetação autóctone. Foram esbatidas as zonas de transição entre o CAM e a área mais densa e arborizada do jardim, imprimindo ao conjunto uma maior unidade e harmonia.

Com a extensão do Jardim e a sua abertura a sul à cidade, o edifício do CAM passa a ser a principal porta de entrada na Gulbenkian, possibilitando a quem visita a instituição o contacto com  uma oferta mais experimental e inovadora.

O projeto proporciona também uma relação mais próxima entre o CAM e os restantes edifícios da Fundação Calouste Gulbenkian, bem como uma maior conexão com as zonas urbanas circundantes e com as comunidades que aí vivem ou trabalham.

Mais Jardim

O projeto de arquitetura paisagista para a nova área do Jardim Gulbenkian, da autoria do arquiteto paisagista Vladimir Djurovic, funda-se na linguagem do jardim existente, expressão da paisagem portuguesa e de uma cultura ecológica e poética, adotando este caráter tão marcante como inspiração para a nova expansão.

O projeto propõe a criação de uma “mata urbana”, definindo uma nova frente paisagística da Fundação Gulbenkian, a sul. Uma paisagem resiliente, com um elevado índice de biodiversidade, proporcionando um ambiente onde as pessoas se sintam próximas da natureza e criando habitats para a vida selvagem, estabelecendo com o jardim original uma transição subtil, muito natural.

O desenho do espaço é de base naturalista, integrando a vegetação existente e adicionando plantações de vegetação autóctone, incorporando caminhos sinuosos que atravessam esta “mata urbana”, conduzindo quem o visita ao CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian e, para lá deste, ao jardim existente.

Kengo Kuma nasceu em 1954 e criou a Kengo Kuma & Associates em 1990 (KKAA). A arquitetura de Kengo Kuma propõe uma nova relação com a natureza, a tecnologia e o ser humano. Os projetos realizados pela KKAA encontram-se em mais de 30 países pelo mundo. Kuma é professor universitário e professor emérito na Universidade de Tóquio, após anos de ensino na Universidade Keio e em Tóquio. Kengo Kuma tem vários livros publicados, em que se destacam Zen Shigoto (As obras completas de Daiwa Shobo) Ten Sen Men (“point, line, plane”, Iwanami Shoten), Makeru Kenchiku (Architecture of Defeat, Iwanami Shoten), Shizen na Kenchiku (Natural Architecture, Iwanami Shinsho), Chii-sana Kenchiku (Small Architecture, Iwanami Shinsho), entre muitas outros.

Vladimir Djurovic (1967) nasceu no Líbano e estudou Horticultura na Universidade de Reading, em Inglaterra, e Arquitetura Paisagista na Escola de Design Ambiental da Universidade da Geórgia, nos EUA. Depois de vários anos nos EUA, regressou ao Líbano em 1995 para estabelecer o seu próprio gabinete de arquitetura paisagística, o Vladimir Djurovic Landscape Architecture, que se empenhou na criação de paisagens que destacam a singularidade dos ambientes através de gestos simples que dão protagonismo à natureza. Galardoado com vários prémios internacionais, tem vindo a concentrar-se em projetos que abordam as urgentes questões ambientais e sociais da atualidade.


Ficha Técnica

Arquitetura

KKAA - Kengo Kuma Associate Architects (Principal in charge: Kengo Kuma)
OODA - Oporto Office for Design and Architecture

Arquitetura Paisagista

VDLA - Vladimir Djurovic Landscape Architecture
Traços na Paisagem - Lugar Invisível

Engenharia de Estruturas

Buro Happold
Quadrante

Identidade Visual

A Practice for Everyday Life

 

 

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