Sem título, de Bruno Cidra

Em 2020, o CAM adquiriu «Sem título», de Bruno Cidra, uma escultura com uma estrutura de ferro modelada com várias camadas de folhas de papel de grandes dimensões.
09 set 2021

Bruno Cidra pertence a uma geração de artistas de que fazem parte André Romão, Mariana Silva ou Ana Manso, recentemente integrados na Coleção, ou ainda Gonçalo Sena e Joana Escoval. O seu trabalho em escultura é sensível e caracterizado por equilíbrios expressivos entre suspensão e localização, entre densidade, peso, (des)aparecimento e elevação. Ferro e papel coexistem na definição de uma materialidade ambígua. Algo de imaterial e volátil se inscreve no espaço em que instala as suas peças, apesar da firmeza e da capacidade de permanência que os trabalhos apresentam.

 

Bruno Cidra Sem título, 2015. Inv. 20E1926. Foto: Bruno Lopes

 

Esta obra é caracterizada por uma desconcertante simplicidade: o seu caráter minimal, a sua vocação de instalação no espaço e a sua singularidade facilmente a tornam imaginável integrada em diálogos visuais com peças da coleção de diferentes gerações.

«O trabalho de Bruno Cidra (Lisboa, 1982) parte da síntese entre Escultura e Desenho. As suas esculturas em ferro e papel exploram a tensão e o diálogo das materialidades opostas e valores afectos a cada disciplina, como resistência e fragilidade, peso e leveza, permanência e efemeridade. Tomando o espaço de exposição como espaço de composição, a escultura de Bruno Cidra desenha novos percursos, ritmos e enquadramentos, define novos eixos e referências visuais, regiões de concentração ou dispersão, convidando o espectador ao constante reajuste da sua relação com o espaço», Maria Joana Vilela na folha de sala da exposição Passar pelas Mãos, 2019.

 

Bruno Cidra Sem título, 2015. Inv. 20E1926. Foto: Bruno Lopes

 

Equilíbrio, lineariedade, (dis)torsão, geometria, gravidade, abertura, moldura, linha, volume, transparência, leveza e movimento são ideias que se sobrepõem em interpelação direta da nossa relação com o lugar e a natureza da escultura.

 

Leonor Nazaré
Curadora

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