Obras da Coleção CAM em exposição no Guggenheim
Harmonia e dissonância: Orfismo em Paris, 1910–1930 é a primeira grande exposição dedicada ao movimento artístico que combina abstração e lirismo cromático nos Estados Unidos. A exposição reúne mais de 90 obras, abrangendo pintura, escultura, trabalhos em papel, design, encadernações e objetos efémeros.
As duas obras de Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918) presentes na exposição – Título desconhecido e Étude B / Estudo B, ambas datadas de 1913 e pertencentes à Coleção do CAM –, refletem a prática do artista segundo os princípios do Orfismo e evidenciam, também, a sua capacidade de transcender categorias artísticas, ao estabelecer um diálogo entre as correntes modernistas internacionais e o modernismo português.
As pinturas de Amadeo de Souza-Cardoso estão acompanhadas por trabalhos de outros artistas centrais do movimento, como Sonia e Robert Delaunay, Fernand Léger, Marcel Duchamp, Mainie Jellett, František Kupka e Francis Picabia, além dos sincronistas Stanton Macdonald-Wright e Morgan Russell. Intérpretes desta vibrante corrente artística, que emergiu no início da década de 1910, estes artistas investigaram o exercício da luz e do ritmo circular, sintetizando, em harmonia, temas e formas tanto abstratas como figurativas, que contrastaram simultaneamente com uma Europa à beira da Primeira Guerra Mundial.
Aberta ao público, desde 8 de novembro, Harmonia e dissonância propõe, segundo as curadoras Tracey Bashkoff e Vivien Greene, uma abordagem menos canónica ao movimento Orfista, indo além das definições estabelecidas por Apollinaire, e destacando a vanguarda abstrata do início do século XX. Com uma seleção de artistas que considera não só aqueles que estão diretamente associados ao Orfismo, mas também os que partilharam o mesmo contexto parisiense e seguiram abordagens similares à abstração, a exposição está patente na emblemática Rotunda do Guggenheim, projetada por Frank Lloyd Wright.