Centenário de Mário Cesariny
Mário Cesariny nasceu em Lisboa a 9 de agosto de 1923. Estudou na Escola de Artes Decorativas António Arroio, onde conheceu Cruzeiro Seixas, que viria a tornar-se um dos expoentes máximos do surrealismo português, com quem fundaria o grupo Os Surrealistas.
Cesariny começou desde cedo a frequentar diversas tertúlias em cafés de Lisboa, onde desenvolveu um forte interesse pelos movimentos neorrealista e surrealista. Esta curiosidade viria a solidificar-se numa viagem a Paris no final da década de 1940, altura em que conheceu André Breton, que o inspirou a criar o Grupo Surrealista de Lisboa e, mais tarde, o antigrupo Os Surrealistas.
O artista ficaria conhecido sobretudo pela sua poesia, tendo deixado um dos mais importantes contributos para a literatura portuguesa. Contudo, também encontrou nas artes plásticas um refúgio artístico, especialmente na pintura, explorando materiais pouco convencionais, como café, e técnicas irreverentes, como a condução da mão pela trepidação de um elétrico.
Nos anos de 1960 Cesariny recebeu uma bolsa da Fundação Gulbenkian para escrever um livro sobre Maria Helena Vieira da Silva – O Castelo Surrealista, como se intitularia a obra, só seria editado duas décadas mais tarde.
A Coleção do CAM detém 13 obras da sua autoria, entre pintura, colagem e desenho. Uma das suas pinturas, Naniôra – Uma e duas – título que remete para um dos seus poemas –, pode ser vista na Fundação Calouste Gulbenkian, até 18 de setembro, na exposição Histórias de uma Coleção.
Mário Cesariny deixou a sua biblioteca e os seus acervos artístico e documental à Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, que lhe dedica agora uma exposição, patente até setembro de 2024.
As celebrações contam ainda com exposições no MAAT, no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso e no Centro de Arte Contemporânea de Coimbra, bem como mesas-redondas, leituras de poesia, entre outros eventos em torno desta figura fundamental do surrealismo português.