Richard Smith

1931

Richard Smith afirma-se como um dos exponentes do Pop britânico no início dos anos 1960, com obras semi-abstratas, inspiradas na cultura de consumo e na publicidade, que invadem o espaço expositivo. Desenvolveu, nas décadas a seguir, uma obra que confronta as questões da abstração, numa linha que se aproxima do minimalismo e das suas preocupações com a cor e a serialização. Atualmente vive e trabalha em Nova Iorque, continuando a trabalhar sobre o espaço pictórico em composições abstratas, marcadas por relações cromáticas fortes e radiantes.

Richard Smith nasceu em Letchworth, Hertfordshire. Depois de servir na Royal Air Force em Hong Kong, estudou na Luton School of Art (1948-1950), St. Alban’s School of Art (1952-1954) e no Royal College of Art (1954-1957), sendo colega, entre outros, de Peter Blake e Joe Tilson. Uma bolsa permite-o viver em Nova Iorque de 1959 a 1961, onde voltará com frequência para pintar e ensinar e se estabelece definitivamente em 1976.

 

As suas enormes telas do início dos anos 60 exibiam uma temática Pop muito influenciada pela imagética publicitária e a arte abstrata norte-americana, utilizando cores fortes e estratégias de fantasia e sedução que buscavam inspiração no cinema e na fotografia, mais do que na tradição das Belas-Artes. Um dos aspetos mais interessentes da desconstrução cultural praticada por Smith foi o seu interesse na ideia de embalagem, embora nunca tenha pintado réplicas de objetos, como Andy Warhol (1928-1987), mas antes inventado novas maneiras de os representar sobre a tela.

 

Em meados dos anos 60 começou a utilizar telas recortadas e moldadas que se prolongavam fisicamente no espaço das galerias, procurando imitar os dispositivos que eram utilizados para promover produtos comerciais e seduzir o consumidor através do seu visual apelativo. Todavia, o seu trabalho abandona gradualmente estas referências diretas, para se concentrar sobretudo em características intrínsecas da pintura formalista como a forma, suporte, cor e superfície. Sob a influência crescente do minimalismo, Smith utiliza a cor com uma parcimónia cada vez maior, e decide libertar a tela da sua armação, expondo-a totalmente solta, torcida, repetida ou amarrada, sempre como um objeto próprio em vez de estar colada à parede. Aproximou, assim, a pintura do domínio da escultura, no sentido inverso ao do trabalho de Anthony Caro (n. 1924), que procurava então levar a escultura à pintura. 

 

A partir de 1972, na continuidade das construções tridimensionais com a tela, começa a incorporar outros elementos retirados de tendas, como tubos de alumínio e fios, criando estruturas semelhantes a papagaios. O interesse nestas obras pela constituição física da pintura como superfície suspensa e estendida adquiriu rapidamente um valor arquitetónico, o que resultou em várias encomendas importantes destinadas a edifícios públicos ao longo dos anos 80.

 

 

AR

 

Maio de 2010

 

 

Atualização em 10 março 2016

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