Richard Hamilton

Londres, Inglaterra, 1922 – Northend, Inglaterra, 2011

Durante os anos 50, Richard Hamilton afirmou-se como um dos principais representantes do movimento Pop britânico, explorando as fronteiras entre arte e cultura de massas em colagens que se tornaram icónicas. Nas décadas a seguir, explorou o uso de novas tecnologias – a maquina ou a informática – na produção de imagens. Exerceu uma influência profunda no movimento Pop e, através do ensino, numa geração de artistas que se formou nas décadas de 1950 e 1960.  

Nascido em Londres, Richard Hamilton estudou na Royal Academy (1938-1940), enquanto ganhava a vida em pequenos trabalhos na indústria publicitária. Nos anos seguintes continuou a trabalhar na publicidade no Design Unit (1941-1942) e na companhia discográfica EMI (1942-1945). Em 1946 regressou à Royal Academy, sendo, contudo, expulso por «não tirar proveito da instrução que era oferecida na escola de pintura». Um interesse particular pela gravura leva-o a inscrever-se na Slade School of Art, onde estuda entre 1948 e 1951, período em que produz várias ilustrações para o Ulysses de James Joyce e em que nasce o seu profundo interesse pela obra de Marcel Duchamp.

Durante a década de 50, Hamilton integrou o Independent Group [Grupo Independente], participando ativamente nas discussões sobre arte contemporânea com, entre outros, Roland Penrose (1900-1984) e Eduardo Paolozzi, que o introduziu à técnica da colagem. Criou então a sua obra mais célèbre, Just what is it that makes today’s homes so different, so appealing? [O que é precisamente que faz as casas hoje tão diferentes, tão atrativas?] (1956). Esta colagem foi inicialmente concebida como cartaz para a exposição This is Tomorrow (1956).

Seguindo as ideias do crítico Lawrence Alloway (1926-1990), figura de proa do Independent Group, Hamilton destruiu na sua obra qualquer distinção entre as belas artes e as artes populares ou de massa. Mistura nas suas colagens elementos tão diversos como retratos de Elvis, pormenores de Picasso, imagens televisivas ou recortes abstratos. Após uma viagem realizada a Nova Iorque, em 1963, passa a utilizar e combinar principalmente elementos de fotografia e de pintura. Amigo de Paul Mc-Cartney, esteve ainda ligado ao mundo da música, tendo entre outros concebido o grafismo do White Album dos Beatles (1968).

Ensinou na Central School of Arts & Crafts, no Royal College of Art (1957-1961), onde foi professor de, entre outros, David Hockney e Peter Blake, e na Universidade de Newcastle (1953-1966). Organizou várias exposições, entre as quais a primeira retrospetiva de Duchamp em Inglaterra, para a qual recriou a La mariée mise à nu par ses célibataires, même… (Tate Gallery, 1966). Após os anos 80, interessou-se sobretudo pelo design industrial e por obras criadas a partir de processos informáticos. Representou o Reino Unido na Bienal de Veneza (1993) e ganhou o World Print Council Award (1983) e o Praemium Imperiale da Associação de Arte do Japão (2008).

 

Afonso Ramos

Maio de 2010

Atualização em 16 abril 2023

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