Miklos Batuz

1933

Batuz é para além de um artista mundialmente reconhecido, um filósofo, e um ativista intercultural. Nasceu em 1933 em Matraderecske na Hungria e aos 11 anos de idade, em plena 2.ª Guerra Mundial, viu-se obrigada a fugir para a Áustria, para nunca mais regressar à sua terra natal. Passando por campos de refugiados, fome e miséria. O contacto com pessoas nestas circunstâncias alterou para sempre a forma de assimilar do artista. 

Em 1949 emigra para a Argentina, e após uma doença prolongada de coração, Batuz, autodidata, começa a pintar de forma naturalista usando tinta a óleo sobre tela. Forma-se em Filosofia e Estética e em 1963 dedica-se inteiramente à sua arte. Experiencia com diferentes materiais e, sem nunca se restringir a um único médio, dirige-se progressivamente para o abstracionismo. A sua vivência leva-o a desenvolver a “linha” de forma impositiva e caligráfica. A linha transforma-se no limite de forças de colisão, o corte que não sana, a protagonista principal, uma obsessão.

 

Encontrou o seu lar nos Estados Unidos da América em 1973  e instalou-se em Green’s Farms Connecticut, no meio da natureza. “Para criar uma ideia e os materiais para a realizar, um artista precisa de uma certa atmosfera tal como os humanos necessitam de ar”, afirma. Após uma série de telas e serigrafias, começa a trabalhar com polpa de papel e as suas obras de superfícies lisas adquirem uma textura orgânica e vibrante. Inicia um novo ciclo em 1979, usando colagens de jornais sobre contraplacado. Batuz, fascinado pela nova matéria, preparava a sua própria polpa, usando-a como um pintor usa a tinta, criando novos ambientes visuais. A sua obra é como uma paisagem viva, sempre com formas distintas que se inter-relacionam através da linha, que separa e define cada forma. A sua obra é abstrata mas remete-nos sempre para algo na natureza. A linha contém a essência de toda a sua experiência artística, descreve formas em tensão, com limites.

 

O caráter espontâneo de Batuz, livre da sujeição ao modelo, faz com que o seu trabalho evolva e revele sentimentos profundos do passado, das suas raízes, e a forma como ambos se fundem na procura da sua própria existência. Em 1980, elabora uma série de obras de grandes dimensões, seguidas de várias exposições individuais que viajaram pelo mundo, incluindo a sua primeira exposição individual no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em 1984. Durante a sua curta estadia na Europa, efetuou a pedido do Senado Alemão uma das suas obras mais emblemáticas, The Anti-Wall for Berlin, uma escultura  monumental para a cidade de Berlim.

 

Fundou a Société Imaginaire em 1987, uma associação que busca o diálogo intercultural. Este projeto tem como objetivo superar fronteiras ou barreiras, quer sejam físicas ou imperceptíveis, como as que surgem nas diferenças sociais; promove a inter-relação, juntando vários povos, divididos culturalmente, que superam os seus conflitos ao exporem um desejo comum: a comunicação pela arte. É criada a Fundação Batuz nos EUA situada na National Gallery of Art, Washington, e em 1997 a Fundacíon Batuz Uruguay, ambas promovem inúmeras iniciativas e projetos culturais globais, sob o conceito de “No Más Fronteras” ou da “Helmets for Peace” que reúnem pessoas e forças armadas na elaboração de obras de arte. Em 2010 com o Projeto Afeganistão, Batuz reúne 15 nações e a população afegã na criação de uma admirável obra de arte, um cordão humano simbolizando “a fronteira”. A dissolução dessa fronteira mostra de forma simbólica que o Homem é quem constrói as fronteiras (mentais) e também só ele as consegue eliminar.

 

 

 

 

Elizabeth Martins

Abril 2013

Atualização em 10 março 2016

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