Michael Andrews
Nude
1928 – 1995
Durante o período que Andrews estudou na Slade, cumpriu o serviço militar, passando a maior parte deste tempo no Egipto, onde pintou várias aguarelas. Em 1953 ganha uma bolsa de estudos para Roma, mas decide passar apenas cinco meses a viajar por Itália. Ao regressar a Londres participa como ator, ao lado de Eduardo Paolozzi, no filme Together [Juntos] (1956). Ao mesmo tempo começa, com sucesso imediato, a trabalhar nas suas pinturas figurativas e complexas, procurando captar, através da observação pertinaz do seu meio familiar em Norfolk, aquilo que designava pelo «convencionalismo misterioso» do ambiente e do comportamento sociais.
Distanciando-se progressivamente da influência dominante do minucioso realismo de William Coldstream (1908-1987) e do estilo austero da escola de Euston Road que este fundara, Andrews interessou-se por uma nova conceção da figura, próxima das propostas existencialistas de Francis Bacon (1909-1992) e Alberto Giacometti. Integra assim a chamada «Escola de Londres», junto com artistas como Frank Auerbach, Francis Bacon, Lucian Freud (1922-2011) ou Leon Kossoff. As mudanças a nível pictórico acompanharam uma nova temática, dominada, nos anos 60, pelo hedonismo e pelo estilo de vida boémia que se fazia sentir em Londres, incorporando elementos retirados dos media, da moda, da literatura, do cinema ou da música pop nos retratos que fazia de amigos.
No início da década de 80, viajou várias vezes até à Austrália para pintar algumas paisagens, sobretudo a Ayers Rock, cuja imagem o perseguia desde que a vira num anúncio de revista, vinte anos antes.
O seu ritmo de trabalho manteve-se sempre inalterado, sendo conhecido pela lentidão com que pintava as suas telas. A sua obra é, por isso, reduzida, mas de grande virtuosidade técnica, levando Lucian Freud a declarar que Michael Andrews não era capaz de pintar senão obras-primas.
Afonso Ramos
Maio de 2010