Ian Stephenson
Giusti Allusion
1934 – 2000
Associando o acto performativo da action painting norte-americana ao seu interesse na pintura modernista (em particular de Seurat e do cubo-futurismo), Ian Stephenson criou várias séries famosas de pinturas pontilhadas que seriam marcantes para os artistas emergentes dos anos 60. Através das técnicas de spray, sobrepunha várias camadas de pequenos pontos coloridos, de forma mecânica e acidental sobre a superfície da tela ou do papel, dando origem a uma densidade cromática que exerce um forte efeito caleidoscópico sobre o observador. Se estas composições lhe traziam de volta imagens da infância em Northumberland, na sugestão das extensões de areia e de casas revestidas de pequenos seixos, o artista reclamava também a importância das novas imagens científicas que eram divulgadas nos anos 50 e 60, sobretudo de visões microscópicas que permitiam observar a constituição atómica e molecular de toda a matéria. Em 1966 e 70, saiu de Londres e voltou a Newcastle, trocando o cavalete pela realização de abstracções de grandes dimensões, que continuavam a reinventar a construção de planos em pintura.
Era o artista preferido do realizador italiano Antonioni, que ficara fascinado com a variação dos efeitos de foco e escala nas suas pinturas pontilhistas, e encomendou-lhe trabalhos inéditos para entrarem no filme mais marcante dessa geração, o Blow-Up (1966).
Ensinou na Polytechnic School of Art, Londres (1959-62), na Chelsea School of Art (1959-1966 e 1970-1989), e chegou a Director dos estudos de Ensino Recorrente na Newcastle University (1966-1970). Foi um dos primeiros artistas abstractos a ser nomeado Royal Academician (1986), e tem um doutoramento honoris causa atribuído pela University of Durham (1999).
Afonso Ramos