Garth Evans
White Relief n. 26
Cheshire, 1934
Desde o início da carreira e mesmo durante a sua formação académica, Evans interessou-se por explorar as virtualidades plásticas de diversos materiais, designadamente materiais novos como o plástico e a fibra de vidro, sem abandonar, todavia, a escultura em madeira ou a cerâmica. Embora a sua opção pela abstracção tenha quase sempre prevalecido, as suas esculturas são, por vezes, evocativas do mundo físico: na complexidade e variedade das suas “wall pieces”, densas e volumosas umas, outras esventradas por enigmáticos vazios, abundam as alusões a coisas e até a animais. Evans afirmou, aliás, que muitas das suas obras, mesmo consideradas abstractas, contêm memórias identificáveis. São “alavancas e contentores de específicas memórias identificáveis” (“triggers for and containers of particular identifiable memories”). Numa pesquisa, em grande parte individual, sobre a essência da escultura e sobre os caminhos que ela lhe permitia, Evans produziu também desenhos e colagens e, mais recentemente, enfatizou esse seu trabalho bidimensional, optando pela aguarela e o desenho, que tem vindo a expor com frequência, sobretudo nos Estados Unidos, onde passou a residir em 1979.
No plano académico, foi director do departamento de escultura na New York Studio School, embora as suas experiências de ensino incluam a Yale University e, em Inglaterra, a Slade School of Fine Art, o Royal College of Art e a St. Martin’s School of Art. Evans expos regularmente, tanto em Inglaterra como nos Estados Unidos, tendo recebido inúmeros prémios ao longo da sua carreira, como os prestigiados Guggenheim Memorial Foundation Fellowship, o Pollock-Krasner Foundation Award ou o Gulbenkian Purchase Award. A sua obra está representada em inúmeras colecções, nomeadamente na Escócia, na Irlanda, na Austrália, em Portugal e no Brasil, para além de Inglaterra e Estados Unidos. Em 1997 participou na exposição A Ilha do Tesouro, no CAM da Fundação Calouste Gulbenkian.
Apesar de não ser facilmente classificável, o trabalho de Garth Evans apresenta óbvias afinidades com diferentes modos de abstracção, que perseguiu, aliás, durante toda a sua carreira. Ainda estudante, no fim dos anos 50, a sua preocupação maior foi a de construir objectos que não remetessem para quaisquer formas reconhecíveis, e isso levou-o à pintura, particularmente ao Expressionismo Abstracto americano, com que desenvolveu intenso e profícuo diálogo, nem sempre isento de ambiguidades, resultantes de outras linhas de investigação como, por exemplo, o Constructivismo, de que se afastava, porém, em experiências e trabalhos mais intuitivos e complexos do que uma percepção racionalista permitia. Revelando-se sempre rigoroso e perspicaz, sem todavia perder um particular sentido de humor, Evans procurou constantemente explorar as fecundas virtualidades, formais e expressivas, entre a tela e a superfície escultórica.
Mariana Gaspar
Maio de 2010