Frank Auerbach
Head of E.O.W.
1931
O seu trabalho caracteriza-se, desde o início, por uma forte corrente neo-expressionista e figurativa. O desenho é sempre a força estrutural e disciplinadora das suas pinturas, que procuram uma imagem viva e peremptória através da identificação psicológica com o sujeito retratado – geralmente um amigo seu, ou uma das três modelos femininas que foram recorrentes na sua carreira, a sua mulher Julia, a modelo Juliet Yardley Mills (‘J.Y.M.’) e a amiga Stella West (‘E.O.W.’). Nas superfície das suas telas leva as técnicas expressionistas ao extremo, ao aplicar espessas camadas irregulares de tinta, de cores terrosas e soturnas, com traços negros rigorosos, em impastos cujo relevo mais parece esculpido do que pintado.
O acto criativo obsessivo-compulsivo e o resultado cru e realista das suas composições, afiliam-no claramente ao que R. B. Kitaj chamou “Escola de Londres”, e particularmente, à obra de Leon Kossoff, Francis Bacon e Lucian Freud. Este último, é aliás um amigo muito próximo de Auerbach há mais de cinquenta anos, unidos por um passado traumático comum, e consultando-se mutuamente antes de darem por concluídas as suas pinturas, num espírito de rivalidade criativa que foi alvo de uma marcante exposição no Victoria & Albert (2006).
Representou a Grã-Bretanha na Bienal de Veneza (1986), compartilhando com Sigmar Polke o prémio do Leão de Ouro. Apesar de raramente ter abandonado o Reino Unido, recusou recentemente a mais alta honra desse país, o título de “Sir”. Vive em Londres, onde continua a trabalhar diariamente no seu estúdio de Camden Town, adquirido no ano de 1954 ao artista alemão Gustav Metzger.
Afonso Ramos