Frank Auerbach

1931 – 2024

Nasceu em Berlim. Aos 8 anos, foi enviado para Inglaterra para escapar ao regime nazi, e não voltou a ver nem os pais (que morreram num campo de concentração), nem a Alemanha. Estudou no Hampstead Garden Suburb Institute (1947) e na St Martin’s School of Art (1948-1952), onde iniciou uma longa amizade com Leon Kossoff. Ao mesmo tempo, frequentava as aulas nocturnas de David Bomberg no Borough Polytechnic (1948-1953), de quem seguiu a atitude exploratória na pintura, e acima de tudo, a necessidade de registar a experiência sensorial de outro ser humano – com o seu peso, posição e presença -, ao invés da sua descrição literal. Foi também aluno no Royal College of Art (1952-1955), com Joe Tilson e Bridget Riley.

O seu trabalho caracteriza-se, desde o início, por uma forte corrente neo-expressionista e figurativa. O desenho é sempre a força estrutural e disciplinadora das suas pinturas, que procuram uma imagem viva e peremptória através da identificação psicológica com o sujeito retratado – geralmente um amigo seu, ou uma das três modelos femininas que foram recorrentes na sua carreira, a sua mulher Julia, a modelo Juliet Yardley Mills (‘J.Y.M.’) e a amiga Stella West (‘E.O.W.’). Nas superfície das suas telas leva as técnicas expressionistas ao extremo, ao aplicar espessas camadas irregulares de tinta, de cores terrosas e soturnas, com traços negros rigorosos, em impastos cujo relevo mais parece esculpido do que pintado.

 

O acto criativo obsessivo-compulsivo e o resultado cru e realista das suas composições, afiliam-no claramente ao que R. B. Kitaj chamou “Escola de Londres”, e particularmente, à obra de Leon Kossoff, Francis Bacon e Lucian Freud. Este último, é aliás um amigo muito próximo de Auerbach há mais de cinquenta anos, unidos por um passado traumático comum, e consultando-se mutuamente antes de darem por concluídas as suas pinturas, num espírito de rivalidade criativa que foi alvo de uma marcante exposição no Victoria & Albert (2006).

 

Representou a Grã-Bretanha na Bienal de Veneza (1986), compartilhando com Sigmar Polke o prémio do Leão de Ouro. Apesar de raramente ter abandonado o Reino Unido, recusou recentemente a mais alta honra desse país, o título de “Sir”. Vive em Londres, onde continua a trabalhar diariamente no seu estúdio de Camden Town, adquirido no ano de 1954 ao artista alemão Gustav Metzger. 

 

 

Afonso Ramos

Atualização em 22 novembro 2024

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