Fernando Lanhas
0.41- 69
Porto, Portugal, 1923 – Porto, Portugal, 2012
A obra de Fernando Lanhas explora a pintura não-figurativa como meio de transformação e apropriação da realidade. Desde 1943, participa em exposições nacionais de arte moderna e abstracta que distinguem a sua obra do vocabulário neo-realista, generalizado na sua época. Faz parte de várias representações oficiais em exposições internacionais como as Bienais de São Paulo em 1953 e em 1958, ou a Bienal de Veneza em 1960. A sua actividade está impregnada de uma curiosidade sistemática e exploratória perante aquilo que desconhece. A tela O.32-60, título que significa: óleo, obra número trinta e dois, realizada em 1960, pertencente à colecção do CAM, é um notável exemplo de uma das suas abstracções geométricas. Realizada em tons suaves, a superfície pictórica resulta de uma investigação realizada por Lanhas para constituir uma paleta de cor, a partir do pó resultante da moagem de uma selecção de seixos recolhidos do mar.
Nos anos 50 pinta rochedos da Serra de Valongo e produz várias pinturas a óleo sobre pequenos seixos. Ocupa-se da identificação e inventariação de locais de interesse arqueológico, sobretudo na região Norte do país, de que, entre outras, resultam vários estudos e publicações realizados com Domingos de Pinho Brandão (1966-1969). Foi director do Museu Etnográfico e Histórico do Porto (1973-1993). Desenvolveu vários projectos de arquitectura e organizou várias montagens de exposições no Museu Monográfico de Coimbra, no Museu Militar do Porto e no Museu de Mineralogia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, entre outros. A sua obra tem recebido um reconhecimento crescente, como o demonstram as retrospectivas organizadas em 1987 pela SEC em Lisboa, e mais recentemente em 2001 pelo Museu de Serralves no Porto e Lugar de Desenho em Gondomar.
Sofia Ponte
Maio de 2010