David Hall
Box
1937
Hall foi, sem dúvida, o artista precursor da video art na Grã-Bretanha, e muitas das suas obras tornaram-se verdadeiros clássicos. Como o próprio afirma, foi ainda nos anos 60 que começou a fotografar as suas esculturas mas estava consciente que a bidimensionalidade da fotografia só em parte permitia a leitura da obra – “two dimensional pictures said little about my work”. Todavia, entende que a fotografia tem talvez um papel mais importante do que a própria escultura e começa a fazer trabalhos fotográficos. E é nessa sequência que chega ao cinema, na certeza de que “o movimento e o som, marcando a passagem do tempo”, seriam uma ilusão mais convincente.
Em 1974 fez uma apresentação individual dos seus filmes na Tate Gallery (Londres) e no Millennium Cinema (Nova Iorque). Foi co-organizador das primeiras exposições de vídeo na Serpentine Gallery (1975) e na Tate Gallery (1976) e fundador da London Video Art Organzation. Em 1977 participou na Documenta 6 em Kassel e noutros eventos na Alemanha e em Itália. Data de 1980 a primeira retrospectiva da sua produção enquanto videasta e, em 1983, participou no Video Art: A History, no MOMA. Continuou a expor regularmente, sobretudo os seus trabalhos de vídeo. Em 1999, Box (1965), obra da colecção do CAMJAP, integrou a exposição Linhas de Sombra no Centro de Arte Moderna – Fundação Calouste Gulbenkian. De destacar ainda, de entre muitas mostras, nacionais e internacionais, a exposição itinerante Shoot, shoot, shoot, iniciada na Tate Modern em 2002, ou a mais recente Video installation in Changing Channels: Art and Television 1963 -1987 (2010), no MUMOK (Viena). David Hall leccionou no Royal College of Art, na Saint Martin’s School of Art, no Chelsea College, entre outras instituições académicas. A obra de David Hall (esculturas, instalações, vídeos, filmes) está representada na Tate Gallery, no Moma, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, na Fundação Calouste Gulbenkian, no British Council, entre outras colecções públicas e privadas, essencialmente inglesas e americanas.
Com uma eclética formação académica, David Hall mostrou ao longo de toda a sua carreira uma clara tendência para a experimentação, desde logo evidenciada na multiplicidade das expressões plásticas e na utilização precoce dos novos meios tecnológicos. Se nos primeiros anos o pragmatismo da produção escultórica de Hall e as qualidades formais da sua obra o aproximaram dos princípios formalistas do Minimalismo, a partir dos anos 70, foram as instalações experimentais de vídeo que corporizaram a própria noção de escultura.
Mariana Gaspar
Maio de 2010