Carlos Nogueira

Lourenço Marques, Moçambique, 1947

Carlos Nogueira nasceu em Lourenço Marques em 1947. Realizou estudos de escultura e de pintura nas Escolas Superiores de Belas-Artes do Porto e de Lisboa.

Expõe desde 1968, tendo recebido o Prémio Camões na II Bienal de Arte de Cerveira, em 1980 (com a obra a Camões e a ti), e integrado as representações portuguesas à Bienal de Veneza (1986), à Trienal de Arquitetura de Milão (1996) e à Quadrienal de Riga (2004). As suas obras encontram-se representadas em várias coleções públicas e particulares, em Portugal e no estrangeiro. Para além da sua prática artística, tem desenvolvido uma continuada atividade pedagógica (no Colégio Moderno e na Faculdade de Arquitetura da Universidade Autónoma de Lisboa) e colaborado em projetos de arquitetura, cinema, dança e no âmbito do design gráfico.

A sua obra é atravessada por algumas preocupações conceptuais tais como a investigação das formas de relação com o outro, o quotidiano e a paisagem, as estratégias de interpelação do espectador, a desmontagem do estatuto autoral da obra de arte, o questionamento dos modos de habitar os espaços e da interpenetração entre as palavras e as imagens, ou entre o dizível e o visível. Ao longo dos anos tem recorrido aos mais variados meios, desde logo (até inícios da década de 1980) à performance realizada em contextos expositivos ou adquirindo o anonimato em «ações de rua» e «ações por correio» (como os dias cinzentos / lápis de pintar os dias cinzentos, 1979, gosto muito de ti ou se eu pudesse dava-te um piano, ambos de 1980).

A fluidez dos gestos e o carácter transitório destas obras cede lugar, aos poucos, a geometrias rigorosas e a um interesse pela permanência enquanto valor que se manifestam, a partir de meados dos anos de 1990, em instalações que ocupam e transformam radicalmente os espaços expositivos (chão de cal, 1994) e em grandes volumes escultóricos como construção com chão branco a partir de dentro (1997), a noite e branco (2000) ou construção para lugar nenhum (2003). O desenho, a colagem, as assemblages, a fotografia e as pesquisas com as palavras acompanham desde sempre as faces mais visíveis da sua obra. A sua relevância fica bem patente quer na sua grande variedade técnica e processual quer no carácter prospetivo e projetivo de que se revestem, dos quais são exemplo o corpo (sem data), mar (fragmento) (1985) ou estudos para beyond the very edge of the earth (1997-1998), estes desenhos foram realizados para uma escultura instalação em permanência no espaço público (Brighton University).

 

Catarina Rosendo

Agosto de 2012

Atualização em 16 abril 2023

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