Antony Gormley
Domain – Brendan Toole (XXXXVIIII)
Londres, 1950
Antony Gormley interessa-se pela escultura da figura humana, factor determinante em toda a sua obra. Faz uso do seu próprio corpo como molde e matéria para as suas esculturas, encarando o corpo humano como espaço de memória e constante transformação. A partir da década de 90, o artista britânico começa a realizar instalações de escala quase gigantesca como forma de reflexão sobre a condição humana. Encontramos esta preocupação reflectida em diversas séries como Critical Mass, Another Place e Inside Australia, embora seja na série Field (1991-2003) que esta preocupação humanista do artista aparece retratada de forma mais directa.
Gormley afirma que queria trabalhar com pessoas sobre o futuro e a responsabilidade de cada ser humano na construção de um futuro comum. Realizou esta série em cinco locais do mundo: as esculturas resultam do trabalho de diversas populações rurais, a que o artista entregou uma bola de barro pedindo-lhes apenas que lhes fizessem olhos. O resultado foram várias instalações em que o observador é confrontado, ao entrar na sala de exposição, com milhares de minúsculas personagens, criando uma massa intensa de olhares à qual é impossível ficar indiferente, impedindo-o, assim, de aceder à sala.
Nos seus trabalhos mais recentes abandona o volume e a massa em prol da leveza de campos e vectores energéticos, como em Blind Light, Domain (veja-se Domain — Brendan Toole (XXXXVIIII), 2004, na colecção do CAM) e Another Singularity. Antony Gormley procura diminuir a ponte entre a vida e a arte; não quer uma leitura utópica da sua escultura.
Realizou a sua primeira exposição individual em 1981 na Serpentine Gallery e Whitechapel Gallery, Londres. Desde então expus em galerias e museus como a Tate, o British Museum e a White Cube, Londres, a Corcoran Gallery of Art, Washington DC, o Irish Museum of Modern Art, Dublin, o Kölnischer Kunstverein, Alemanha e o Musée d’Art Moderne St. Etienne, França. Em 2007 realizou a sua maior exposição individual, Blind Light, na Hayward Gallery, Londres. Participou na Bienal de Veneza de 1986 e na Documenta 8, em 1987. Recebeu os prémios Turner, 1994 e o prémio de escultura Bernhard Heiliger Award, 2007. Foi Ordenado Cavaleiro pela Coroa Britânica em 1997.
Joana Simões Henriques
Maio de 2010