António Olaio
Kuenstlerleben
Sá da Bandeira, Angola, 1963
Sobre a sua obra artística são de salientar as seguintes publicações: I think differently, now that I can paint (editado pelo Centro Cultural Vila Flor, Guimarães), Brrrrain (editado pela Culturgest, Lisboa) e O artista é um readymade retificado (Editora Mimesis). Das múltiplas exposições que realizou ou nas quais participou, refiram-se por exemplo 40 years in a plane, Kenny Schachter conTEMPorary, Nova Iorque, 2004, Pictures are not movies, na galeria Filomena Soares, Lisboa, 2005 ou Brrrrain, exposição antológica, na Culturgest, Lisboa, 2009. Recentemente, em Março de 2013, propôs ao público a individual The Sorrows of Electricity na galeria Filomena Soares, em Lisboa. Em 2005 publica o livro Ser um indivíduo chez Marcel Duchamp, no qual explora a ideia de indivíduo e de criação artística na complexidade das suas relações, a partir da obra de Duchamp.
A evolução do seu trabalho como performer na década de 1980 levou-o a assumir o papel de cantor, entre 1987 e 1992, com o grupo Repórter Estrábico, e, desde 1994, com o músico João Taborda, com quem já editou três discos.
Em obras que se materializam em diferentes meios como a pintura, o vídeo, a música, nos seus cruzamentos e contaminações, a performance será de facto o elemento aglutinador. Sobretudo pela afirmação do sentido performativo dos jogos conceptuais. Beuys tentou explicar quadros a uma lebre morta, provavelmente como forma de provar que a pintura não pode ser explicada. António Olaio é mais optimista e canta-os, acreditando poder diluir qualquer descontinuidade entre conceito e plasticidade.
As heranças de Matisse e de Duchamp são assumidas no seu trabalho em articulação e equivalência valorativa das atitudes artísticas que cada um representa. Também os estereótipos românticos da arte e do artista, ainda vigentes no âmbito de algum senso comum, são desmontados pelos títulos e pelas palavras ditas, cantadas ou pintadas: irónicas, jocosas, assentes no trocadilho e na anedota. Um estilo eclético em que se cruzam reflexões, citações e diversão e em que se sobrepõem ambiguidades formais e semânticas resultantes de uma prolífera associação livre e de colagens múltiplas define tanto a pintura como os vídeos-canção ou qualquer ação performativa assumida pelo próprio como actor.
António Olaio/Leonor Nazaré
Março de 2013