Ângelo de Sousa

Maputo, Moçambique, 1938 – Porto, Portugal, 2011

Ângelo César Cardoso de Sousa nasceu a 2 de Fevereiro de 1938 na então capital de Moçambique - Lourenço Marques, atual Maputo. Aproveitando uma bolsa de estudo em Belas Artes da Caixa Económica Postal de Lourenço Marques, foi viver para Portugal com 17 anos, e fixou-se no Porto. Estudou Pintura, na Escola Superior de Belas-Artes do Porto onde esteve entre 1955 a 1963, integrando logo depois o corpo docente da faculdade durante quase quatro décadas e tornando-se o primeiro professor catedrático em Pintura daquela faculdade.

O seu trabalho em pintura foi exposto publicamente pela primeira vez, em 1959, na Galeria Divulgação, no Porto, em conjunto com Almada Negreiros e no âmbito de um ciclo de exposições. Mostraram-se sete pinturas suas feitas em cera encáustica e sete trabalhos de Almada Negreiros. No ano de 1964 Ângelo de Sousa é um dos fundadores da Cooperativa Árvore, juntamente com os colegas Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues. No início da mesma década de 60, começou a produzir esculturas, primeiro em acrílico, depois em alumínio, e também em ferro e aço inoxidável, entre outros materiais. No final dessa mesma década (1967-1968) viveu dez meses em Londres, enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e do British Council. Frequentou a Slade School of Art e a Saint Martin’s School of Fine Art. Explorou nesse período o seu interesse pelo cinema experimental. Na sua estada em Londres adquire a sua primeira câmara de filmar, e um fotómetro de mão, os trabalhos fílmicos e fotográficos que produzirá encontram divulgação tardia, em 2001, na exposição retrospetiva Sem Prata no Museu de Arte Contemporânea de Serralves. Ainda entre os anos de 1968 e 1972 integrou o grupo “Os Quatro Vintes”, com os colegas Armando Alves, Jorge Pinheiro e José Rodrigues assim nomeado por todos terem obtido a classificação máxima na licenciatura em Pintura na ESBA. Este grupo não propunha um programa comum, nem preocupações artísticas partilhadas, mas pretendiam antes assumir uma estratégia de divulgação e promoção pública organizada.

No seu percurso, Ângelo de Sousa não trabalhou uma metodologia única, e não foi sua preocupação a definição de um estilo mas antes a experimentação contínua de novas técnicas e processos. Trabalhou em cenografia e figuração, trabalhou em pintura, escultura, desenho, filme, fotografia e ilustrou livros de poetas e romancistas portugueses como Eugénio de Andrade ou Natália Correia.

Em 1972 foi-lhe atribuída a Menção Honrosa do prémio Soquil, pela Secção Portuguesa da AICA. Participou na XIII Bienal de São Paulo, em 1975, onde foi premiado, e na Bienal de Veneza, de 1978. Em 2008, Ângelo de Sousa e o arquiteto Eduardo Souto de Moura representaram Portugal na 11.ª Mostra Internacional de Arquitetura de Veneza, em Itália.

O Museu de Arte Contemporânea de Serralves dedicou-lhe uma retrospetiva em 1993, de pintura e desenho. Em 2003, o CAM da Fundação Calouste Gulbenkian apresentou trabalhos em desenho, na exposição intitulada Transcrições e Orquestrações: Desenhos de Ângelo de Sousa. Em 2010, Jorge Silva Melo realizou um filme que acompanhou Ângelo de Sousa no último período da sua vida, intitulado: Ângelo de Sousa – Tudo o que Sou Capaz.

Ângelo de Sousa faleceu na sua casa no Porto, no dia 29 de Março de 2011, aos 73 anos de idade.

 

Catarian Crua

Junho 2013

Atualização em 16 abril 2023

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.