Saeborg deseja explorar e ultrapassar as conceções que temos do nosso corpo e da nossa identidade. Para o efeito, a artista cria fantásticos fatos de corpo inteiro e construiu uma utopia colorida onde até os animais da quinta, que estão na base da cadeia alimentar, podem viver juntos e felizes.

Nesta exibição bucólica e provocadora de animais da quinta humanizados, cada um dos quais com o seu próprio objetivo e função na restrita economia rural, visitantes e gado estão separados por uma vedação. Dentro da vedação cumprem-se as rotinas diárias, enquanto quem está do lado de fora observa. Mas até que ponto é real a separação entre quem está no interior e quem observa?

Recorrendo ao popular estilo kawaii (fofo) das personagens japonesas, esta mistura de sexualidade lúdica de mascotes animadas e de realidade biológica significativa tira o público da sua zona de conforto. Vestida com um fato insuflável justo, feito de materiais flexíveis, Saeborg liberta-se das poderosas amarras das projeções tradicionais do papel social da mulher no Japão e das correspondentes normas de etiqueta. 

Slaughterhouse é um projeto em curso em constante expansão e evolução, que depende do contexto em que é apresentado. A obra reflete também sobre as possibilidades de uma coexistência saudável entre seres humanos e não-humanos, um tema premente na criação artística na sequência da pandemia de COVID-19 e da atual crise climática.

A instalação, ativada durante esta performance, pode também ser visitada pelo público na sexta e no sábado entre as 10:00 e as 17:00 e no domingo entre as 10:00 e as 15:00, no Estúdio do CAM.

Engawa – Temporada de arte contemporânea japonesa

Engawa é uma programação que traz a Lisboa um conjunto de criadores do Japão e da diáspora japonesa, muitos dos quais pela primeira vez em Portugal. Saber mais