CAM em Movimento: Fernanda Fragateiro

Não Ligar (Movimento), 2021

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Fernanda Fragateiro apresenta um projeto para o exterior de um comboio na linha urbana de Cascais.

Convidada a desenvolver um projeto para o exterior de um comboio da linha urbana de Cascais, materializado na aplicação de uma fina película de vinil sobre uma extensão de quatro carruagens, Fernanda Fragateiro (Montijo, 1962) retoma a série de obras intitulada Não Ligar, imprimindo uma imagem fotográfica de um dos fragmentos da peça escultórica, que se estende pelos 19 metros de comprimento do comboio. Na sua totalidade, Não Ligar percorre paralelamente a paisagem, tornando-se ela mesma uma linha de paisagem em movimento ou um objeto abstrato de ligação.

Em 2007, Fernanda Fragateiro encontra na Baixa lisboeta, na antiga Casa Tavares & Tavares da Rua dos Fanqueiros, 1416 pequenas bobines de linhas de seda de cores luminosas, linhas para casear da marca Gütermann, uma companhia fundada em 1864.

O encontro acidental destes materiais com «história» – um arquivo inesperado, com ligações à história da indústria e do design têxtil alemão e à tradicional presença das mulheres nesta indústria – seria o ponto de partida para a realização de uma série de esculturas que reciclam e incorporam o espectro total dos fios de seda, mantidos em tensão entre dois pontos horizontais, fixos a uma parede.

São linhas de cor contíguas e estiradas entre dois pontos de partida, ou dois pontos de chegada. A peça lembra o uso da cor em algumas obras minimalistas, curiosamente um movimento artístico e cultural cuja história é tradicionalmente escrita no masculino.

As obras da série «Não Ligar» são realizadas entre 2007 e 2013. A última, com 10 metros de comprimento, é instalada na Sede da Delegação do Reino Unido da Fundação Gulbenkian, em Londres. Como acontece com as linhas de seda, no título da obra a artista coloca lado-a-lado a palavra «ligar» – que tanto pode significar unir ou relacionar, como dar atenção ou importância a –, e a palavra «não», que parece suspender ou manter em tensão, mais do que negar, a palavra anterior.

A analogia entre a linha do novelo de seda e a linha de comboio é imediata: ambas ligam ou guardam em si uma possibilidade de ligação (comunicação) entre porções ou fragmentos de objetos e lugares. A obra tece assim uma costura entre os contextos de produção artística e as suas narrativas incompletas (os vazios e as ausências, nomeadamente as mulheres artistas na história do modernismo e das vanguardas artísticas) e a construção das narrativas sobre o território que o comboio atravessa, também elas incompletas e desiguais, elegendo uns lugares e invisibilizando outros (invisibilizando as suas vivências sociais e culturais), criando obstáculos à nossa perceção material, cultural e simbólica de porções do território.

Curadoria: Rita Fabiana

 


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CAM em Movimento é uma programação «fora de portas», que reúne um conjunto de intervenções site-specific de artistas e exposições com obras da Coleção em diferentes espaços da cidade de Lisboa e da área metropolitana.

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CAM em Movimento I
Quarta, 10 de novembro, 17:00 / Facebook
Com Benjamin Weil e Rita Fabiana
Em português e em inglês
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Terça, 14 de dezembro, 17:00 / Facebook
Com Patrícia Rosas e Rita Albergaria
Em português
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