CAM em Movimento: corpo corpo corpo

Ciclo Ecos Latentes

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Num contentor marítimo instalado no Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian apresenta-se, entre maio e agosto, um ciclo de vídeos da Coleção do CAM com a curadoria de um grupo de jovens que fazem parte do projeto de co programação cultural Gulbenkian 15-25 IMAGINA.

Neste primeiro momento do ciclo de vídeos «Ecos Latentes», propomos um diálogo entre as obras Ouve-me e Left (L)overs, que expõem tensões entre dois corpos: um corpo feminino fantasmagórico, instalado na mudez, e um corpo masculino, de costas, sólido e etéreo ao mesmo tempo, que luta por deixar algo para trás. Batendo com as mãos nos seus próprios ombros, o homem cria um ritmo constante e ecoante, como o som de uma bala. A libertação do movimento resulta numa marca deixada pelo pó preso nas mãos e suspenso no ar.

Neste diálogo, os corpos lutam: em Ouve-me, a luta é a de um corpo que pretende ultrapassar os limites da membrana-barreira que o circunscreve e a de uma voz que reclama ser ouvida; em Left (L)overs, a tensão do corpo remete para o que é abandonado e para a materialidade destinada a transformar-se num conjunto de partículas no ar.

 

Curadoria: Gulbenkian 15-25 IMAGINA

 

Helena Almeida, Still do vídeo «Ouve-me», 1979. Inv. IM13
Rui Calçada Bastos, Still do vídeo «Left (L)overs», 2004. Inv. IM22

CICLO COMPLETO

04 mai – 30 mai 2022

corpo corpo corpo

Helena Almeida, Ouve-me, 1979

Rui Calçada Bastos, Left (L)over, 2004

 

01 jun – 04 jul 2022

presença presença presença

Graham Gussin, Hotel Reverb, 2018

Manon de Boer, The Untroubled Mind, 2018

 

06 jul – 01 ago 2022

suspensão suspensão suspensão

Miguel Soares, H2O, 2004

 

03 ago – 05 set 2022

pulsação pulsação pulsação

Miguel Soares, Whitestar, 2009


CICLO: ECOS LATENTES

O ciclo «Ecos Latentes» propõe uma releitura de um conjunto de vídeos da Coleção do CAM, elaborando uma narrativa que se desenrola em torno do progressivo desaparecimento da presença humana e da coexistência dos seus vestígios com outras formas de vida, terminando na desmaterialização e na abstração espacial. Um inevitável desaparecer que é, à vez, morte e transformação – como o ouroboros, símbolo da serpente-dragão que morde a própria cauda e que representa o eterno ciclo de renovação do vivo. Nesta narrativa ressoam os ecos das constantes passagens de uma forma a outra, estabelecendo, na sua repetição, quatro momentos, que denominamos «corpo corpo corpo», «presença presença presença» «suspensão suspensão suspensão», «pulsação pulsação pulsação».

O ciclo começa com corpo corpo corpo, um diálogo entre as obras «Ouve-me» (1979) da artista Helena Almeida e «Left (L)overs» (2004) do artista Rui Calçada Bastos. Trata-se de um encontro entre um corpo de frente que, instalado num silêncio auto-imposto, desafia a tridimensionalidade da membrana do ecrã, e um corpo de costas que, ritmicamente, emite som ao ser golpeado, libertando o que resta de uma presença, agora reduzida a partículas de pó suspensas no ar.

No segundo movimento, presença presença presença, abandonamos a materialidade do corpo para entrar em espaços abandonados e alterados, habitados por vestígios de uma presença. Em «Hotel Reverb» (2018), do artista Graham Gussin, um hotel abandonado é reanimado pelo arremesso repetitivo de uma bola, remetendo-nos para uma experiência de brincadeira, contrastando com o vídeo seguinte: em «Untroubled Mind» (2016), a artista Manon de Boer filma um espaço doméstico e infantil, no qual uma presença (que não vemos) reorganiza e atribui novos significados a objetos quotidianos, à maneira do ready-made.

Os objetos passam a um novo plano em suspensão suspensão suspensão: em «H2O» (2004), do artista Miguel Soares, vemos cair objetos que formam um arquivo de detritos no qual podemos ler uma história recente da humanidade e que coexistem com um ecossistema vivo – não sem uma certa ironia. Aqui passamos também ao mundo da animação, estabelecendo a ponte para o último momento.

Das profundezas abissais à desmaterialização total da presença humana, «White Star» (2009), também de Miguel Soares, tem um eco próprio: é a pulsação pulsação pulsação, uma abstração onde som e imagem são uma só entidade.


CURADORIA

Gulbenkian 15-25 IMAGINA é uma iniciativa de programação cultural e curadoria que abre espaço ao diálogo, à escuta e ao trabalho colaborativo entre jovens e os profissionais da Fundação Calouste Gulbenkian, com o objetivo de aumentar a participação deste segmento do público nas decisões estratégicas da instituição.

O projeto é integrado por um grupo de jovens dos 18 e 25 anos, provenientes das diferentes áreas da cultura, das artes e do ativismo, que fazem parte de várias iniciativas de programação participativa dentro do Centro de Arte Moderna (CAM): Ana Marta Estrada, Joana Gomes, Margarida Bezerra e Bastos, Maria dos Passos Carreira, Pedro Costa e Sandra Varela.


CAM EM MOVIMENTO

CAM em Movimento é uma programação «fora de portas», que reúne um conjunto de intervenções site-specific de artistas e exposições com obras da Coleção em diferentes espaços da cidade de Lisboa e da área metropolitana.

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