H BOX

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Concebida pelo artista e arquiteto franco-português Didier Fiúza Faustino, a H BOX é uma sala de projeção móvel que viaja por museus, bienais e festivais, e chega agora ao CAM, trazendo um novo espaço dedicado à videoarte.   

Inaugurada no Centre Pompidou em 2007, com uma seleção rotativa de vídeos de artistas encomendados pela Fondation d’entreprise Hermès entre 2005 e 2011, o objetivo da H BOX era partilhar a visão inquisitiva de jovens artistas sobre o mundo, apoiando a produção de novas obras e apresentando-as mundialmente.

Fiúza-Faustino pensou este espaço para acolher imagens em movimento e mostrá-las com a máxima qualidade de imagem e som. Esta sala de vídeo em forma de nave espacial, construída com alumínio de alta tecnologia, utilizado na indústria aeroespacial, aterra agora no CAM, trazendo 12 obras que podem ser selecionadas por quem a visita.

O programa inaugural inclui vídeos de Ali Kazma, Cao Fei, Rosa Barba, Sara Ramo e Wang Jianwei.


«The Empirical Effect», de Rosa Barba

Filme de 16 mm transferido para vídeo digital, 22'
Cor, Som stereo
Cortesia da artista ©Rosa Barba

Concebendo o vulcão como metáfora das complexas relações entre a sociedade e a política, e cuja atividade é meticulosamente monitorizada e divulgada como um grande espetáculo pelos meios de comunicação social, o ponto de partida topográfico de The Empirical Effect (2010) é o território em torno do Monte Vesúvio, no sul de Itália. Os protagonistas do filme são todos sobreviventes da última erupção ativa do vulcão, em 1944, e vivem na chamada «Zona Vermelha» – a zona de maior perigo em torno do vulcão. As filmagens foram realizadas num observatório abandonado perto da cratera, um lugar onde coexistem pessoas comuns e todo o tipo de sociedades secretas.

O cinema como construção narrativa está no centro da investigação criativa de Rosa Barba (Agrigento, 1972, vive em Berlim), que concebe regularmente o filme como elemento escultórico. Mais conhecida pelas suas instalações experimentais de filmes e esculturas que exploram temas como o tempo, a memória, a linguagem e as propriedades físicas do próprio filme, a artista apresenta frequentemente uma abordagem inovadora à realização de filmes que esbate as fronteiras entre o cinema e as artes visuais, desafiando os espectadores a reconsiderar as convenções da narrativa.


«Man Eats Rock», de Nikhil Chopra e Munir Kabani

Vídeo monocanal  HD, 22'08''
Cor, Som stereo
Um filme de Nikhil Chopra e Munir Kabani

Man Eats Rock (2011) é uma tentativa de revelar perguntas simples, mas fundamentais: quem somos nós? De onde vimos e para onde vamos? O filme situa-se em três universos, sendo tratado como três vinhetas: a primeira assemelha-se à pré-história, a segunda decorre no romantismo decadente do séc. XIX e a terceira num mundo contemporâneo urbano e industrial. Nelas, podemos observar o desenho e o filme como método de registo para falar sobre a função da representação. Este filme também procura questionar o nosso lugar neste planeta, na medida em que nos deixamos subordinar à nossa necessidade e desejo de consumir.

Nikhil Chopra (Calcutá, 1974, vive em Goa) é um artista de performance, pintor e ator conhecido pelas suas performances duracionais que esbatem as linhas entre a arte, o teatro e a vida. No seu trabalho, explora frequentemente temas relacionados com a identidade, a história e a memória cultural através da lente das suas experiências pessoais e património. Munir Kabani (1976, vive em Mumbai) é conhecido pelas suas obras de arte conceptuais e de crítica social que abordam os sistemas políticos, a cultura de consumo e a condição humana. A sua prática abrange a fotografia, o vídeo, a instalação e a arte performativa.


«Oracle», de Sebastián Díaz Morales

Vídeo digital SD, 11'
Cor, Som stereo
Cortesia do artista e de Gallery Carlier | Gebauer, Berlim, Madrid

A instalação vídeo Oracle (2007) alterna entre uma série de imagens aparentemente aleatórias, sem ligação entre si. As imagens continuam simplesmente a mudar, como peças de um mosaico ainda em construção. O título parece referir-se à tradição grega do Oráculo como fonte de sabedoria e de profecias, capaz de oferecer uma visão do futuro através de uma combinação de elementos do presente. Um saco de plástico que se move com o vento, um homem solitário que olha para o mar e um eclipse solar são algumas das imagens que surgem no ecrã como sinais propiciatórios e com os quais o público pode criar a sua própria resposta não condicionada.

A análise que o artista faz da perceção e da realidade baseia-se no pressuposto de que a própria realidade é, por natureza, altamente ficcional.

As imagens sedutoras dos filmes de Sebastián Díaz Morales (Comodoro Rivadavia, 1975, vive em Amesterdão), falam por si, ainda que não sendo geralmente acompanhadas por som. Este aspeto permite ao artistas dar espaço ao público para que cada pessoa crie a sua própria história individual e pessoal, sem impor qualquer estrutura fixa.


«Diorama», de Kota Ezawa

Mini DV convertido para vídeo digital, 1'55'' (loop)
Preto e Branco, Som stereo
Cortesia do artista, Fraenkel Gallery, São Francisco, e Ryan Lee Gallery, Nova Iorque

Diorama (2009) combina apresentações dos Beatles e dos Rolling Stones no programa Ed Sullivan Show para criar um mashup animado da música popular da década de 1960. A câmara desloca-se incessantemente entre os elementos de ambas as bandas enquanto estes tocam trechos dos êxitos Twist and Shout e Time is on my Side. Deste modo, a animação permite ao público reviver estas performances icónicas num diorama rotativo da TV e da história musical. 

Kota Ezawa (Colónia, 1969, vive em Oakland, EUA) explora, nas suas obras, a apropriação e a mediação de eventos e imagens da atualidade, utilizando fontes provenientes da comunicação social e da história da arte. É conhecido pelas suas caixas de luz, vídeos e obras em papel que destilam imagens encontradas no seu estilo característico, despojado e com figuras planas. Ao reduzir informação visual complexa aos seus elementos bidimensionais mais essenciais, as suas obras transcendem a especificidade da imagem, entrando num domínio mais universal.


«5000 Feet is the Best», de Omer Fast

Vídeo monocanal  HD, 32'
Cor, Som stereo
Comissão para a Hermès Foundation, Kadist Foundation, Dublin Contemporary, The Model, Sligo

5000 Feet is the Best (2001) é baseado em conversas com um operador de drones U.S. Predator, gravadas num hotel de Las Vegas em 2010. Diante da câmara, o operador de drones discute aspetos técnicos do seu trabalho e a sua rotina diária. Com a câmara desligada e não oficialmente, descreve resumidamente incidentes nos quais o avião não tripulado dispara, tanto sobre sobre militares e como civis. O filme alterna regularmente entre documentário, a reconstituição e a ficção, entrelaçando o relato do operador de drones com cenas que representam outros crimes em Las Vegas e nos seus arredores. 5000 Feet is the Best estreou na 52.ª Bienal de Veneza, em 2011. 

Os filmes e vídeos de Omer Fast (Jerusalém, 1972, vive em Berlin) oscilam entre a realidade e a ficção, a documentação e o drama. Através do seu olhar cinematográfico, o artista relata histórias que revelam simbolicamente as estruturas de poder do nosso presente, no qual as memórias pessoais das testemunhas se infiltram nos acontecimentos.


«The Birth of RMB City», de Cao Fei

Machinima, Vídeo monocanal HD, 10'32''
Cor, Som stereo
Cortesia da artista, Vitamin Creative Space e Sprüth Magers

Durante alguns anos, CAO FEI viveu parte da sua vida online, mais concretamente no mundo de Second Life®. As suas aventuras, ou melhor, as do seu avatar China Tracy têm sido documentadas, por exemplo, na construção de RMB City (2009), um ambiente desenvolvido numa «propriedade» que a artista adquiriu no mundo virtual em 2006. Utilizando Machinima, uma técnica desenvolvida por jogadores dos primórdios dos jogos online, Fei cria vídeos que se situam entre a ficção e a documentação de uma performance em curso. Este trabalho remete formalmente para as origens do vídeo, no final da década de 1960, enquanto nos conta a história da vida em camadas na qual todos participamos. 

Cao Fei (Guangzhou, 1978, vive em Pequim) é uma artista multimédia frequentemente descrita como uma figura destacada da «nova geração» de artistas chineses. Nos seus filmes e instalações, que abordam uma mistura de temas que vão desde o comentário social a estética popular, referências ao surrealismo e convenções documentais, Fei reflete sobre as rápidas transformações e desenvolvimentos a que a sociedade chinesa se encontra atualmente exposta.


«Zero», de Wang Jianwei

Vídeo HD transferido para beta digital, 18'
Cor, Som stereo
Cortesia do artista e MadeIn Gallery

Zero (2010) não é apenas o fim das coisas, mas também o início de um novo estado, oferecendo um método para descrever contradições e dilemas, oferecendo a possibilidade de coexistência de dois modos de comportamento – ilusão e morte – em duas direções contrárias – começo e fim. Nos instantes finais da pessoa que comete suicídio, aquilo que perde e aquilo que espera ganhar (a saída ilusória e o canal para a morte) coexiste no seu caminho para a morte.

Este «suicídio» pode ser entendido como o convidado para a morte que tenta entrar à força numa zona de silêncio que nunca antes fora aberta através de um caminho irreversível para a vida. O processo que é «intencionalmente» prolongado revela o absurdo e a estranheza que se escondem por detrás de muitas ordens normais. Cada sala mostra a coexistência daquilo que não pode ser integrado no mundo inteiro e a comunidade de uma espécie de dilema.

Uma das figuras de referência da arte conceptual chinesa, Wang Jianwei (Suining, 1958, vive em Pequim) explora com frequência temas relacionados com o conhecimento, a sociedade e a ideologia utilizando uma grande variedade de suportes, incluindo a pintura, a escultura, o vídeo, o filme, a instalação e o teatro multimédia.


«Taxidermist», de Ali Kazma

DV PAL convertido para vídeo HD, 10'
Cor, Som stereo
Cortesia do artista e da Fondation d'entreprise Hermès

Taxidermist (2010) é um encontro íntimo com a encenação de uma ilusão. O filme mostra, de uma forma muito crua, o processo de reconstrução envolvido no enchimento de um animal morto. O objetivo é mostrar a vida como postura, com o artista a reproduzir, através da sua investigação, a noção fictícia de «produto». Esta curta-metragem pode ser vista como uma continuação de Slaughterhouse [Matadouro], de 2007, em que o artista examina o processamento a que são submetidos os corpos de animais mortos na sua transformação em carne para consumo humano em matadouros. 

Ömer Ali Kazma (Istambul, 1971, vive entre Istambul e Paris) tem vindo a produzir curtas-metragens e documentários curtos que se focam nos sistemas de produção e nos processos de trabalho. Com a sua câmara, observa profunda, íntima e minuciosamente o modo como as coisas são feitas, sejam elas produtos ou processos. O artista aventurou-se pelas oficinas de artesãos e artistas, por fábricas de jeans e matadouros, sempre com a mesma obsessão: documentar o que é normalmente invisível e, por conseguinte, misterioso.


«Plaque (Slab)», de Shahryar Nashat

Filme de 35 mm transferido para vídeo digital, 6'40''
Cor, Som stereo
Cortesia do artista e de David Kordansky Gallery

Plaque (2007) relata um outro tipo de história em que o artista inventa ligações formais entre dois elementos narrativos independentes que provavelmente não têm qualquer tipo de relação. O modo de filmar ultraestetizado de Nashat e a «partitura» do fabrico de uma laje de betão são, efetivamente, uma composição, quase equivalente à famosa interpretação de Glenn Gould das «Variações Goldberg» de Johann Sebastian Bach. Ao encontrar uma das mais veneradas gravações da interpretação de Gould da obra de Bach, o artista descobriu o elemento escultórico que viria a constituir o ponto de partida para a sua própria composição. 

Shahryar Nashat (Genebra, 1975, vive em Los Angeles) cria esculturas, vídeos e outros trabalhos onde o corpo humano e as suas representações ocupam um papel central. Não se trata, porém, de uma mera análise visual. Pelo contrário, Nashat examina a própria experiência do que significa ser um corpo num momento em que as tecnologias que filtram a experiência encorajam a fragmentação e a distância. O desejo, a mortalidade, a fragilidade e a resiliência estão entre as questões temáticas abordadas pela sua obra.


«A Banda dos Sete» (The Band of Seven), de Sara Ramo

Vídeo monocanal HD, 20'35''
Cor, Som 5.1
Cortesia da artista e Fortes D'Aloia & Gabriel, Sao Paulo/Rio de Janeiro

A obra The Band of Seven (2010) apresenta um grupo de músicos que tocam repetidamente a mesma melodia em clarinete, escaleta, bateria, baixo, xilofone, pratos e percussão, enquanto contornam magicamente um fragmento de um muro a meio da paisagem, lembrando um relógio de autómatos ou uma caixa de música. A banda dos sete instrumentistas emerge do canto esquerdo da parede e, quando desaparece no canto direito, a melodia desvanece, tornando-se apenas novamente audível quando a banda volta a aparecer na imagem.

Sara Ramo (Madrid, 1975, vive em Belo Horizonte) apropria-se de elementos e cenas do quotidiano, deslocando-os do seu contexto original e reorganizando-os nos seus vídeos, fotografias, colagens, esculturas e instalações. Recorre frequentemente à memória pessoal, à ficção ou aos contos de fadas para criar cenários inesperados que conferem um novo significado ao que nos rodeia. Objetos comuns ganham um valor ou uma escala surpreendentes, revelando a vulnerabilidade e ambiguidade do nosso mundo.


«Open Score», de Su-Mei Tse

Vídeo monocanal HD, 10'
Cor, Som stereo
Cortesia da artista e de Peter Blum Gallery, NY

A meio de um espaço vazio a artista encontra-se virada para o espectador segurando uma raquete. Com um movimento lento, bate numa bola laranja e inicia um jogo durante o qual surgem na parede linhas coloridas, guiando a trajetória da bola e, deste modo, redefinindo o espaço. O jogo assemelha-se a uma performance de dança. A ideia de cadência é assim essencial para revelar a coreografia e os gestos da personagem. Sugerindo as linhas de uma partitura musical, o vídeo Open Score (2007), cujo título refere uma performance de Robert Rauschenberg da década de 1960, oscila entre um impacto musical e desportivo.

Desde o início da década de 2000 que Su-Mei Tse (Luxemburgo, 1973, vive em Berlim) tem vindo a desenvolver uma obra informada pela sua formação em artes visuais e música, bem como pelo seu passado cosmopolita europeu e asiático. Os seus vídeos, esculturas e instalações, profundamente poéticos, revelam o desenrolar do tempo e a subjetividade da experiência. Muito do seu trabalho está relacionado com a acústica. Mas, mais do que um tema recorrente, a artista utiliza o som pelos seus aspetos claramente evocativos e como prisma através do qual contempla o mundo.


Biographies


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