Noé Sendas , Pursuit, Left Running, 2000
Loop
«Noé Sendas questiona as noções de identidade e de autoria, atribuindo outros sentidos a registos preexistentes. Assim acontece em Pursuit, Left Running (2000), em que o artista altera o ritmo original e utiliza o loop para prolongar indefinidamente um excerto do filme Drunken Angel, de Akira Kurosawa» (Helena Barranhas, abril de 2013).
Fugir, correndo sempre diante de uma ameaça, projeta-nos no mau sonho que a personagem criada por Noé Sendas está a viver e que todos podemos ter. Fica a angústia do esforço extenuante a que assistimos e da incompletude narrativa na qual somos suspensos.
João Onofre, Instrumental Version, 2001
6’53’’
Em Instrumental Version, o Coro da Universidade de Lisboa, dirigido pelo maestro José Robert, interpreta o tema The Robots, composto pelos Kraftwerk e integrado no álbum The Man Machine (1978). A banda germânica, considerada pioneira da música eletrónica europeia, explorou com eficácia sonoridades obtidas com o uso extensivo de sintetizadores, a par de uma imagem visual limpa e geminada com ecos de estética futurista. Sendo o próprio tema original uma teatralização musical sobre o argumento da máquina e da transformação do Homem em máquina, ele alimenta-se da repetição de sons eletronicamente programados e de uma gestualidade despojada de afetos, idealização de uma super-humanidade sem falhas ou indeterminações.
Com a recontextualização do tema para coro a capela, segundo o artista dá-se um retorno paradoxal da emoção, da tonalidade e do calor estritamente humanos através dos vocalizos, sem suporte textual, dos cantores. O arranjo da música sintetizada para as vozes humanas obriga-os a uma execução funcional e repetitiva, como se de música automaticamente programada se tratasse.
António Palolo, Metamorfose, c. 1968/1969
2’52’’
Palolo está interessado na investigação do corpo como meio de alargar a perceção da realidade. Neste filme de uma primeira fase do seu trabalho, apresenta diferentes possibilidades de reconfiguração da figura humana, numa posição iconoclasta através da qual questiona o carácter reprodutível e formatado das representações mediadas da realidade.
Aos corpos recortados sobrepõem-se formas geométricas. A relação destas primeiras experiências a preto e branco com a arte Pop, o movimento Dada e o Surrealismo é visível no recurso a imagens da cultura popular, mas também a formas geométricas que recordam o Cinema Anémico (1926) de Marcel Duchamp.