CAM em Movimento: Artes da Fuga
Ciclo de Filmes
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Jardim GulbenkianA ideia de fuga, desvio ou deslocação está presente, de modos muito diferentes, em cada um dos três filmes da Coleção do CAM que são reunidos neste ciclo. No filme de Noé Sendas, a fuga física é real. No trabalho de João Onofre, um desvio interpretativo de uma partitura musical já existente recria em absoluto a música a que corresponde. No filme de António Palolo a reconfiguração da figura humana desloca-a da sua articulação habitual.
CAM EM MOVIMENTO
CAM em Movimento é uma programação «fora de portas», que reúne um conjunto de intervenções site-specific de artistas e exposições com obras da Coleção em diferentes espaços da cidade de Lisboa e da área metropolitana. Saber mais
PROGRAMA
Noé Sendas , Pursuit, Left Running, 2000
Loop
«Noé Sendas questiona as noções de identidade e de autoria, atribuindo outros sentidos a registos preexistentes. Assim acontece em Pursuit, Left Running (2000), em que o artista altera o ritmo original e utiliza o loop para prolongar indefinidamente um excerto do filme Drunken Angel, de Akira Kurosawa» (Helena Barranhas, abril de 2013).
Fugir, correndo sempre diante de uma ameaça, projeta-nos no mau sonho que a personagem criada por Noé Sendas está a viver e que todos podemos ter. Fica a angústia do esforço extenuante a que assistimos e da incompletude narrativa na qual somos suspensos.
João Onofre, Instrumental Version, 2001
6’53’’
Em Instrumental Version, o Coro da Universidade de Lisboa, dirigido pelo maestro José Robert, interpreta o tema The Robots, composto pelos Kraftwerk e integrado no álbum The Man Machine (1978). A banda germânica, considerada pioneira da música eletrónica europeia, explorou com eficácia sonoridades obtidas com o uso extensivo de sintetizadores, a par de uma imagem visual limpa e geminada com ecos de estética futurista. Sendo o próprio tema original uma teatralização musical sobre o argumento da máquina e da transformação do Homem em máquina, ele alimenta-se da repetição de sons eletronicamente programados e de uma gestualidade despojada de afetos, idealização de uma super-humanidade sem falhas ou indeterminações.
Com a recontextualização do tema para coro a capela, segundo o artista dá-se um retorno paradoxal da emoção, da tonalidade e do calor estritamente humanos através dos vocalizos, sem suporte textual, dos cantores. O arranjo da música sintetizada para as vozes humanas obriga-os a uma execução funcional e repetitiva, como se de música automaticamente programada se tratasse.
António Palolo, Metamorfose, c. 1968/1969
2’52’’
Palolo está interessado na investigação do corpo como meio de alargar a perceção da realidade. Neste filme de uma primeira fase do seu trabalho, apresenta diferentes possibilidades de reconfiguração da figura humana, numa posição iconoclasta através da qual questiona o carácter reprodutível e formatado das representações mediadas da realidade.
Aos corpos recortados sobrepõem-se formas geométricas. A relação destas primeiras experiências a preto e branco com a arte Pop, o movimento Dada e o Surrealismo é visível no recurso a imagens da cultura popular, mas também a formas geométricas que recordam o Cinema Anémico (1926) de Marcel Duchamp.
Ficha técnica
Curadoria
Leonor Nazaré