Além do ecrã branco
Encontros entre arte e filosofia
Slider de Eventos
Data
- / Cancelado / Esgotado
Local
Auditório 3 Fundação Calouste GulbenkianFilme em francês, legendado em português e inglês. A conversa será em inglês com tradução simultânea para português e interpretação em Língua Gestual Portuguesa.
Durante a pesquisa para seu projeto sobre cinema militante Dreams Have No Titles, a artista Zineb Sedira deparou-se com menções ao filme de 1964 Le mains libres, um título frequentemente referenciado mas sobre o qual encontrava pouca informação.
Ao longo desta pesquisa o seu interesse foi crescendo, sobretudo pelo facto de o filme ser a primeira produção cinematográfica argelina, neste caso em conjunto com França e Itália, e porque a obra não teria sido exibida nos últimos 57 anos.
Quando uma cópia do filme em 35 mm ressurge no AAMOD – Archivio Audiovisivo del Movimento Operaio e Democratico, Sedira pôde finalmente ver Le mains libres. Nele descobriu não só o recém-criado Estado argelino a cores, uma visão rara na altura, mas também uma nação multifacetada, longe da visão simplista criada pela imprensa e pelo exército franceses.
Pela primeira vez, foi possível ver imagens que varriam todo o território argelino e testemunhar a riqueza das paisagens e a diversidade das suas tradições.
Recorrendo à estética do cinema militante da época, o filme apresenta um rico material de arquivo da guerra da Argélia: fotografias raramente vistas, filmagens, recortes de imprensa.
É um testemunho político e militante das marcas duradouras da colonização e das conversas que se seguem à conquista da liberdade por um país. Desafia-nos a pensar no poder da representação como um campo de batalha, “o cinema como uma arma” de descolonização, para traçar outros caminhos de emancipação com e contra as imagens.
Zineb Sedira, cuja prática tem incidido sobre a expressão artística e as experiências contemporâneas no Norte de África e Émilie Goudal, que tem investigado as interpenetrações entre arte, história, política e memória em contextos de descolonização, juntam-se para uma conversa sobre os temas que o filme levanta.
Oradores
-
Émilie Goudal
Émilie Goudal é historiadora de arte e professora júnior na Universidade de Lille. É titular de «Imaginários Emancipados», um projeto de investigação que examina as manifestações históricas e contemporâneas da emancipação, da Argélia aos ecos planetários, a fim de captar e definir os seus contornos, fontes críticas e ressonâncias culturais contemporâneas. Entre as suas várias publicações, conta-se de Des Damné(e)s de l’Histoire – Les arts visuels face à la guerre d’Algérie (Les Presses du réel, 2019).
-
Zineb Sedira
Zineb Sedira (Paris, 1963) vive em Londres e trabalha entre Argel, Paris e Londres. Ao longo dos quinze anos da sua prática, Sedira enriqueceu o debate em torno dos conceitos de modernismo, modernidade e suas manifestações, de uma forma inclusiva. Tem também contribuído para uma sensibilização para a expressão artística e a experiência contemporânea no Norte de África. Representou a França na 59.ª Bienal de Veneza, em 2022, onde lhe foi atribuída uma menção especial, pela exposição no Pavilhão de França, intitulada «Dreams Have No Titles».
Programa
18:30 / Boas-vindas
18:35 / Introdução
18:45 / Apresentação do filme «Les Mains Libres» (1964), de Ennio Lorenzini (56')
19:45 / Discussão
20:30 / Perguntas e respostas
20:45 / Encerramento
Parceria
Apoios
A Fundação Calouste Gulbenkian reserva-se o direito de recolher e conservar registos de imagens, sons e voz para a difusão e preservação da memória da sua atividade cultural e artística. Caso pretenda obter algum esclarecimento, poderá contactar-nos através do formulário Pedido de Informação.