Affective Ecologies – A atualidade do pensamento de Amílcar Cabral
Slider de Eventos
Data
- / Cancelado / Esgotado
Local
Estúdio Centro de Arte Moderna GulbenkianEm português, com tradução simultânea para inglês e interpretação em Língua Gestual Portuguesa.
Em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian e tendo como ponto de partida o pensamento de Amílcar Cabral, o projeto Affective Ecologies selecionou quatro artistas para desenvolver intercâmbios durante duas semanas em outubro, num formato de residência artística intensiva, no Hangar – Centro de Investigação Artística, em Lisboa.
A seleção foi feita através de uma open call, que resultou em 68 candidaturas vindas de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique ou São Tomé e Príncipe. Em residência, estão Carla Rebelo (São Tomé e Príncipe), Carina Capitine (Moçambique), Wyssolela Moreira (Angola) e Yuran Henrique (Cabo Verde).
Carla Rebelo é uma artista visual autodidata que vive e trabalha em Barcelona, explorando processos de construção identitária através da fotografia, arquivo, vídeo e texto. Para a artista e curadora moçambicana Carina Capitine, o corpo, a natureza e a sensualidade são palco para a materialização da sua imaginação, e a arte é o motor para dar voz às vivências de comunidades marginalizadas.
Wyssolela Moreira é uma artista multidisciplinar e diretora de arte, que utiliza a colagem mixed-media, escrita, fotografia, instalação, têxteis, videoarte e performance para investigar as complexidades de um “Eu” influenciado pela normatividade neocolonial. Por sua vez, o cabo-verdiano Yuran Henrique explora o potencial de materiais como tecidos, aço e pigmentos para a criação das suas obras, promovendo reflexões sobre perceção, representação e formas hegemónicas de conhecimento.
Os resultados desta residência são agora apresentados num programa com curadoria de Cindy Sissokho, Paula Nascimento e Mónica de Miranda, criando um espaço de reflexão sobre o pensamento de Amílcar Cabral através de leituras e palestras.
Oradores
-
Apolo de Carvalho
Apolo de Carvalho é natural da Ilha de Santiago, Cabo Verde. É um intelectual atemporal, investigador, curador e poeta. Atualmente doutorando no Programa Pós-Colonialismos e Cidadania Global do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e bolseiro da FCT. É mestre em Relações Internacionais pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e licenciado em Relações Internacionais pela mesma instituição. Possui ainda um mestrado em Política e Desenvolvimento em África e no Sul (PDAPS) pela Sciences Po Bordeaux. É membro da Associação Cultural Afrolis.
-
Carina Ubisse Capitine
Carina Ubisse Capitine (Moçambique, 1990) é uma artista e curadora que acredita no poder da arte para dar voz às vivências de comunidades marginalizadas e promover mudanças sociais positivas e significativas. O seu trabalho como uma jornada transformadora de auto-reflexão e expressão, com o objetivo de celebrar o seu prazer e afirmar as suas múltiplas identidades; em resistência à invisibilização e objetificação a que está hegemonicamente sujeita enquanto mulher. Carina retrata a sua relação com o universo feminino como um todo, espelhando a sua relação consigo e com várias outras manifestações da energia feminina. O seu trabalho já foi exibido em exposição individual no Centro Cultural Moçambicano-Alemão (CCMA) e em exposições coletivas tanto no CCMA como na Associação Cultural Muenda, ambas localizadas em Maputo; assim como no Museu de Etnografia de Leipzig, na Alemanha.
-
Carla Rebelo
Carla Rebelo (1994, São Tomé e Príncipe) é uma artista visual autodidata que vive e trabalha em Barcelona. Através da fotografia, arquivo, vídeo e texto, um interesse por processos de construção identitária tem sido o motor subjacente à sua prática artística. Carla tenta reimaginar as fronteiras geopolíticas a partir de uma perspetiva emocional e metafísica, como forma de reivindicar a conexão vital entre o lugar e eu, como um consequência dos seus próprios deslocamentos. Após os seus primeiros passos de experimentação com fotografia e vídeo enquanto vivia em Taiwan de 2011 a 2016. Carla participou na Residência Artística Catchupa Factory para novos fotógrafos em Mindelo (Cabo Verde) com John Fleetwood, e recebeu formação fotográfica no El Observatorio em Barcelona (Espanha). Atualmente é colaboradora da revista cultural Martinicana Zist.
-
Cindy Sissokho
Cindy Sissokho é curadora, produtora cultural, consultora de arte e escritora com um foco específico em práticas anticoloniais, sociais e políticas no âmbito das artes e da cultura. O seu trabalho de curadoria é alimentado pela urgência de alargar e disseminar o conhecimento e a produção artística a partir de perspectivas sistematicamente racializadas e marginalizadas. Atualmente, trabalha como curadora na Wellcome Collection, em Londres. Juntamente com Céline Kopp, é cocuradora do Pavilhão de França na 60.ª edição da Bienal de Veneza em 2024, representado pelo artista Julien Creuzet. Anteriormente, trabalhou como curadora na New Art Exchange e na equipa de Exposições e Programas Públicos da Nottingham Contemporary.
-
Mónica de Miranda
Mónica de Miranda é artista e investigadora. O seu trabalho desenrola-se em torno dos temas da arqueologia urbana e das geografias pessoais. Trabalha de forma interdisciplinar com desenho, instalação, fotografia, cinema, vídeo e som, nas suas formas expandidas e nas fronteiras entre ficção e documentário. Tem uma licenciatura em Artes Visuais pela Camberwell College of Arts. Entre as exposições em que participou destaca-se: no longer with the memory but with its future (Oratorio di San Ludovico de Nuova Icona, Biennale de Veneza, Itália 2022). Em 2019 foi nomeada para o Prémio EDP e expôs no MAAT, e em 2016 foi nomeada para o Prémio de Fotografia Novo Banco. O seu trabalho está representado em diversas coleções, incluindo: Coleção do CAM, MNAC, MAAT e Arquivo Fotográfico de Lisboa.
-
Paula Nascimento
Paula Nascimento é arquiteta e curadora independente formada pela Architectural Association School of Architecture e pela LSB University em Londres. Colaborou com ateliers de arquitetura no Porto e em Londres antes de fundar Beyond Entropy Africa com Stefano Pansera. Paula também foi consultora em vários projetos, incluindo o Pavilhão de Angola para a Expo Milano 2015 e para a Expo Dubai 2020, e colabora frequentemente com diferentes instituições e coletivos de artistas. Foi fundadora do coletivo Pés Descalços, um coletivo multidisciplinar sediado em Luanda. Atualmente, ela é Presidente do Comitê Artístico da Nesr Art Foundation, membro do Conselho Consultivo do Hangar Centro de Investigação Artística, curadora associada da VII Bienal de Lubumbashi e, em 2022, recebeu a Okwui Enwezor Fellowship Research Grant da Independent Curators International.
-
Wyssolela Moreira
Wyssolela Moreira (Angola, 1997) vive e trabalha entre Luanda (Angola) e Toronto (Canadá) como artista multidisciplinar e diretora de arte. A sua prática artística e experimental utiliza colagem mixed-media, escrita, fotografia, instalação, têxteis, videoarte e performance para explorar as complexidades de um “Eu” influenciado pela normatividade neocolonial. Wyssolela trabalha na intersecção entre arte e espiritualidade e centra a desconstrução da herança colonial relativa ao corpo, identidade, espaço, crença e saúde. Utiliza também o seu trabalho para dar espaço a experiências marginalizadas, desafiar as narrativas existentes sobre o africanismo/negritude e destacar as realidades sociais da desigualdade de género e dos direitos humanos.
-
Yuran Henrique
Yuran Henrique (Cabo Verde, 1993) explora o potencial de materiais como tecidos, aço e pigmentos para criar obras que buscam abordar questões como a cultura visual gestual e estética. Por meio de distorções de escala, ilusão e justaposição de objetos comuns, suas esculturas, pinturas, fotografias e instalações exploram temas de perceção e representação, usando essas ferramentas para debater a maneira como distribuímos nossos afetos, reconfigurando nossas sensibilidades em relação ao nosso ambiente e promovendo possibilidades de interação social, questionando formas hegemônicas de conhecimento. Integrou o coletivo de artistas visuais, participando na exposição “Artes Visuais-Cabo Verde Contemporâneo 2016”. Em 2017, participou na Bienal de Cerveira, no âmbito de Jovens Criadores da CPLP. Ganhou o prémio Africa No Filter 2022 Emerging Artists Fellows.
Programa
16:00 / Boas-vindas
16:15 / Apresentação do conceito da residência «Affective Ecologies»
16:30 / Leitura de textos de Amílcar Cabral
17:00 / Apresentação de artistas em residência
— Intervalo 20 min. —18:00 / Apresentação de artistas em residência
18:40 / Conversa entre Cindy Sissokho e artistas em residência
19:20 – 19:40 / Perguntas e respostas
19:40 / Chá e convívio
Ficha técnica
Imagem principal: Artistas em residência e curadoras © Hugo Barros
A Fundação Calouste Gulbenkian reserva-se o direito de recolher e conservar registos de imagens, sons e voz para a difusão e preservação da memória da sua atividade cultural e artística. Caso pretenda obter algum esclarecimento, poderá contactar-nos através do formulário Pedido de Informação.