Parque de Santa Gertrudes
Planta Topográfica de Lisboa, de Silva Pinto, 1905-1909 (9K e 9L)
Nesta planta topográfica de Silva Pinto, publicada em 1909, podem ser avaliadas as transformações levadas a cabo por José Maria Eugénio de Almeida na antiga Quinta do Provedor.
Salienta-se:
– a permanência da forma trapezoidal já expressa na Quinta do Provedor;
– a definição do limite Norte através da vala do Rêgo;
– o novo limite a Sul, em relação ao que ficou registado em 1801, mas que coincide com a representação inscrita na Carta Topográfica de Filipe Folque [i].
– são referenciadas as três entradas no Parque;
– uma a sul, defronte do Palácio, no eixo de simetria definido pela planta em U que o edifício apresenta e outra de acesso às cocheiras;
– outra para a Rua de Palhavã;
– e outra para o Rego.
– a definição de um eixo estruturante do desenho do jardim e que articula o parque com a arquitetura do Palácio de S. Sebastião;
– a criação de uma rede de percursos secundários curvilíneos com diferentes hierarquias que definem uma malha irregular muito direcionada para o lago;
– a presença de uma glorieta/miradouro na proximidade do lago e que remata o percurso principal;
– a criação de um lago de forma irregular, que polariza toda a composição, pontuado por um ilha minúscula, alimentado por um pequeno ribeiro;
– uma dramatização cenográfica, pitoresca, exótica determinada pelo traçado, pela vegetação, pela linguagem gótica das cocheiras e pela cintura amuralhada que delimita o parque;
A construção do Parque de Santa Gertrudes decorreu entre 1866 e 1870.
Nesses 3 anos Jacob Weiss desenhou o sistema de percursos e preparou as terras para a plantação de:
(…)
– 200 acácias fortes com 3 anos;
– 100 olaias fortes;
– 100 berberis, para tufos;
– 100 madressilvas variadas;
– 50 cotoneaster para tufos;
– 100 deutzia scabra para tufos;
– 200 freixos fortes;
– 50 azevinhos;
– 50 Jasmins;
– 100 castanheiros da Índia;
– 100 noisetiers des bois;
– 200 ulmeiros muito fortes;
– 100 plátanos;
– 100 sófora japónica;
– 100 sempre-noivas variadas;
– 100 lilaseiros variados;
– 100 camaril, comoril (?);
– 100 eraénes du japon;
– 100 cedros do Líbano;
– 100 jenevriery da Virgínia;
– 15 abetos pinsapo;
– 12 tuias áureas;
– 12 cedros do atlas;
– 18 cedros deodara e robusta;
– 12 sequóias gigantes.
(…)
Este conjunto de árvores e arbustos foi adquirido no estabelecimento de Horticulture Cordier – Pepinieriste à Berney (Eure) em França, e chegam a S. Sebastião da Pedreira a 8 de janeiro de 1867.
A este elenco vegetal juntaram-se folhados, pascoinhas e giestas; plantas oriundas do Campo Grande, do Lumiar, de Queluz, de Belas, de Assumar (86 acácias). De Sintra chegam medronheiros e folhados [ii].
As plantações decorreram durante todo o ano de 1867 e parte de 1868.
Entre março de 1867 e novembro de 1867 é construído o lago e o rochedo que o pontuava. As pedras para a sua construção vieram de Monsanto [iii].
[i] Quinta de Fernando Larre – in Atlas da Carta Topográfica de Lisboa Nº1
Quinta de Fernando Larre – in Atlas da Carta Topográfica de Lisboa Nº4
[ii] Fonte: Cfr. A. Carapinha 2005 pp. 22.23. Nota pagamento das Despesa das plantas e condução 91381$ réis com data de 27 de janeiro assinada por Jacob Weiss, ABEA Cota : caixa 31, mç.3,loc.2. , Évora
[iii] Parque de Santa Gertrudes – Projeto de Valentim José Correia
- Data de produção: 1909
- Projetistas (autores principais): PINTO, Silva
- Fase do projeto: Do caráter do lugar
- Cobertura temporal: 1909
- Palavras-chave: cartografia