Sinfonia n.º 6 de Beethoven

Orquestra Gulbenkian / Giancarlo Guerrero

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Orquestra Gulbenkian
Giancarlo Guerrero Maestro

Ludwig van Beethoven
Abertura Coriolano, op. 62

Composição: 1807
Estreia: Viena, março de 1807
Duração: c. 8 min.

Uma das tendências visivelmente românticas da produção de Beethoven no domínio da abertura sinfónica é a representação complexa de personagens ou de estados psicológicos através da música, num jogo de interações recíprocas que refletem bem a tendência coeva para o alargamento e diversificação dos modelos estéticos herdados do período clássico. Dois exemplos destacados são as Aberturas Coriolano, em Dó menor, op.62 e Egmont, em Fá menor, op.84, esta última composta sobre o drama homónimo de Goethe.

Coriolano foi escrita com o fim de servir de introdução a uma peça teatral do jurista e poeta Heinrich Joseph von Collin, secretário do Imperador da Áustria1. Esta fonte de inspiração épica influenciou o compositor de modo marcante, não apenas na Abertura Coriolano, mas também na contemporânea Sinfonia n.º 5 e na sua única ópera, Fidelio.

Na Abertura op. 62, o herói é o general romano Coriolano, que se tornou inimigo da sua pátria ao planear uma intervenção militar contra o senado. A obstinação do general em prosseguir com o seu objetivo leva-o à morte por traição, não sem antes ceder aos conselhos da sua mãe e da sua esposa. Na sua essência, a obra é como que um breve exercício sinfónico construído sobre um “programa” de contornos psicológicos, no qual a caracterização musical do personagem principal constitui o cerne do discurso. Característica saliente é a dialética temática que coloca em confronto o caráter rude e orgulhoso do general – ilustrado, logo no início da obra, pelo primeiro tema – e a delicadeza e sagacidade femininas.

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  1. O mito romântico da libertação do Herói, alienado pelo meio social envolvente, é o foco da tragédia de Heinrich Joseph von Collin (1771-1811), baseada na Vida dos Homens Ilustres Gregos e Romanos de Plutarco.

 

Rui Cabral Lopes

 

Ludwig van Beethoven
Sinfonia n.º 6, em Fá maior, op. 68, Pastoral

– Despertar de sensações agradáveis ao chegar ao campo: Allegro ma non troppo
– Cena à beira do regato: Andante molto moto
– Feliz reunião de camponeses: Allegro
– Trovoada, tempestade: Allegro
– Canto dos pastores. Sentimentos de satisfação e de reconhecimento depois da tempestade: Allegretto

Composição: 1808
Estreia: Viena, 22 de dezembro de 1808
Duração: c. 40 min.

A obra de Ludwig van Beethoven tem sido consensualmente dividida em três grandes períodos criativos, cujas transições correspondem igualmente a pontos de viragem na sua biografia. Neste sentido, um fator decisivo foi certamente o surgimento da sua surdez progressiva. A melancolia e o desespero estão bem patentes nas suas cartas datadas do início do século, tendo ficado famoso o chamado “Testamento de Heiligenstadt” (1802), documento em que rejeita a hipótese de suicídio e se declara pronto para enfrentar o seu destino. De facto, um novo ímpeto criativo é revelador da recuperação do desânimo que o prostrara anteriormente. É nesta altura, por volta de 1803, que se localiza o início de uma segunda fase criativa, o “estilo heroico”, o qual se prolongaria até cerca de 1812, um período ao longo do qual Beethoven produziu a maior parte da sua música orquestral. É destes anos que data a Sinfonia n.º 6, concluída em 1808 e composta praticamente em simultâneo com a igualmente célebre Sinfonia n.º 5. Trata-se de uma das poucas obras do compositor alemão que contêm um conteúdo programático explícito, relacionado neste caso com a Natureza, elemento que era particularmente inspirador para o compositor.

A obra inicia-se com um Allegro ma non troppo, em forma-sonata, que descreve de modo animado os sentimentos do compositor na sua chegada ao campo. O segundo andamento, um Andante com temas de uma beleza melódica pastoril, é uma cena de grande serenidade que ocorre em plena natureza, à beira de um regato, encerrando com a recriação onomatopaica do canto dos pássaros. Segue-se um Allegro que evoca as festas populares e as suas danças. O quarto andamento, Allegro, descreve com um realismo espantoso o desenvolvimento de uma violenta tempestade. Entretanto a atmosfera desanuvia-se e tem início o Allegretto final, o qual pretende ser um hino de gratidão para com a Natureza.

Luís Miguel Santos


GUIA DE AUDIÇÃO

 

Por Alexandre Delgado

Alexandre Delgado fala-nos da Abertura Coriolano e da composição da Sinfonia n.º 6, Pastoral, de Beethoven, um hino à natureza e uma das poucas obras programáticas do compositor alemão.


A Fundação Calouste Gulbenkian reserva-se o direito de recolher e conservar registos de imagens, sons e voz para a difusão e preservação da memória da sua atividade cultural e artística. Caso pretenda obter algum esclarecimento, poderá contactar-nos através de [email protected].

Em março de 1807, a abertura Coriolano, de Beethoven, foi apresentada em estreia privada no palácio do príncipe Franz Joseph von Lobkowitz. Esta obra programática segue a estrutura da tragédia homónima de Heinrich Joseph von Collin, poeta, dramaturgo e diplomata austríaco. Por seu lado, a Sinfonia n.º 6, Pastoral, foi concluída em 1808, tendo sido composta praticamente em simultâneo com a igualmente célebre 5.ª Sinfonia. É uma das poucas obras de Beethoven que seguem uma linha programática explícita, um hino de gratidão à Natureza, elemento particularmente inspirador para o compositor alemão.


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