Sinfonia n.º 5 de Beethoven

Orquestra Gulbenkian / Giancarlo Guerrero

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Orquestra Gulbenkian
Giancarlo Guerrero Maestro

Ludwig van Beethoven
Abertura Leonore III (1806)

Composição: 1806
Estreia: Viena, 29 de março de 1806
Duração: c. 14 min.

A partitura de Leonore, predecessora da única ópera composta por Ludwig van Beethoven, teve origem entre os anos de 1804 e 1805, sobre um libreto derivado da peça teatral intitulada Léonore, ou l'amour conjugal, da autoria do dramaturgo e escritor francês Jean-Nicolas Bouilly (1763-1842). Na tradução que assegurou para a língua alemã, o libretista Joseph Sonnleithner manteve bem viva a atmosfera de cariz iluminista que envolve o resgate de um prisioneiro político na Espanha de setecentos.

A estreia, ocorrida no Theater an der Wien, a 20 de novembro de 1805, esteve muito longe de ser um êxito, pelo que o compositor veio a promover nova récita, depois de ter procedido a diversas alterações à partitura e ao próprio libreto, o qual se viu reduzido de três para dois atos. Nesta nova versão, a ópera foi de novo levada ao palco, a 29 de março de 1806, mas a indiferença do público condenou a partitura ao esquecimento.

Oito anos volvidos, o Kärntnertor-Theater de Viena solicitou a Beethoven que fizesse reviver o projeto, firmada que estava a sua reputação nos círculos musicais da cidade. Neste mesmo teatro foi apresentada a terceira versão da ópera, sob o título Fidelio oder Die eheliche Liebe, a 23 de maio de 1814. A dramatização de certas passagens do libreto e as alterações introduzidas nas árias e nos recitativos trouxeram as suas compensações, já que a receção do público foi, desta vez, calorosa e mesmo entusiástica, abrindo as portas à consagração definitiva da ópera. Para todas estas versões, Beethoven compôs, em diferentes momentos, quatro aberturas distintas: Leonore I, op. 138 (1807), Leonore II, op. 72b (1805), Leonore III, op. 72c (1806) e a abertura para Fidelio, op. 72 (1814).

Tal como as suas congéneres, a Abertura Leonore III encontra-se fundada na ária “In des Lebens Frühlingstagen” cantada pelo prisioneiro Florestan no início do segundo ato, antes de Leonore, disfarçada de Fidelio, o ter encontrado. Destacam-se, em particular, as sonoridades dos trompetes, que anunciam a chegada iminente do ministro Don Fernando, portador de ordens reais para a libertação de todos os presos entregues à guarda do cruel governador Don Pizarro.

Rui Cabral Lopes

 

Ludwig van Beethoven
Sinfonia n.º 5, em Dó menor, op. 67

– Allegro con brio
– Andante con moto
– Scherzo: Allegro
– Finale: Allegro

Composição: 1804-1808
Estreia: Viena, 22 de dezembro de 1808
Duração: c. 36 min.

A Quinta Sinfonia de Ludwig van Beethoven (1770-1827) é uma das obras mais frequentemente interpretadas em concerto e conhecidas do grande público. Se mais provas fossem necessárias para afirmação do elevado valor intrínseco desta obra, além das extraordinárias qualidades artísticas que dela emanam, e que lhe garantem uma posição cimeira no património cultural da humanidade, a profusa literatura acerca da mesma é por si só testemunho da sua importância histórica e estética.

Excluindo as várias dissecções produzidas pelo pensamento musicológico, uma das mais fascinantes recensões à 5.ª Sinfonia surgiu, desde logo, pela mão do crítico, compositor e novelista E.T.A. Hoffmann (1776-1822) num artigo intitulado “A Música instrumental de Beethoven” (1813) publicado no  Allgemeine musikalische Zeitung, no qual o autor realça os mais significativos aspetos de uma obra, à época, tão profundamente inovadora e, ao mesmo tempo, de significado hermético para a esmagadora maioria do público. Ainda que as estruturas formais que Beethoven utiliza – forma-sonata no primeiro e no último dos andamentos, tema com variações no segundo e um scherzo no terceiro – sejam ainda herdeiras do período tardo-setecentista, muitos outros aspetos desta sinfonia marcam já uma rutura com o cânone clássico. Não é somente a sua vultuosa dimensão ou a sua extraordinária coesão temática e motívica, mas sobretudo a avassaladora carga anímica que dela irradia e que a demarca das composições homónimas dos seus antecessores.

Ao despedir-se do seu amigo Beethoven, quando este partiu para Viena, em 1792, o conde Waldstein augurou-lhe que “recebesse o espírito de Haydn pelas mãos de Mozart”. Pode afirmar-se, sem constrangimento, que estas influências permaneceram em Beethoven, todavia transmutadas pela sua fértil retórica interior e personalidade marcante. Este facto adquire força de evidência de forma muito especial na 5.ª Sinfonia, onde Beethoven genialmente expressa não só a sua ambivalente personalidade intempestiva e afetuosa, mas também integridade ética e inquietude existencial.

Luís Raimundo


GUIA DE AUDIÇÃO

 

Por Alexandre Delgado

Neste Guia de Audição, o musicólogo Alexandre Delgado fala-nos da Abertura Leonore III e da célebre Sinfonia n.º 5 de Beethoven.


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Poucos compositores terão protagonizado uma tal revolução com as propostas artísticas que legaram ao mundo. Giancarlo Guerrero, Maestro Convidado Principal da Orquestra Gulbenkian, afirmou em entrevista que “mais do que qualquer outro, Beethoven foi um compositor que transformou o som da música e que redefiniu aquilo que os compositores fazem.” Identificando no músico alemão uma ponte fundamental entre os períodos clássico e romântico, o maestro acredita que “as suas nove sinfonias abanaram o âmago do cânone musical com o seu brilhantismo e o seu engenho”.

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