Sinfonia n.º 3 de Beethoven

Orquestra Gulbenkian / Giancarlo Guerrero

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Orquestra Gulbenkian
Giancarlo Guerrero Maestro

Ludwig van Beethoven
Sinfonia n.º 3, em Mi bemol maior, op. 55, Heroica

– Allegro con brio
– Marcia funebre: Adagio assai
– Scherzo: Allegro vivace
– Finale: Allegro molto

Composição: 1803-04
Estreia: Viena, 7 de abril de 1805
Duração: c. 50 min.

Composta entre 1803 e 1804, a 3.ª Sinfonia é uma das obras mais importantes do segundo período criativo de Beethoven. É também uma das mais marcantes da história da música, não só pelas suas características e qualidades musicais intrínsecas, mas também pela repercussão que a sua apreciação crítica iria ter no século que então se iniciava. Estreada a 7 de abril de 1805 no teatro An der Wien, recolheu aplausos pouco entusiásticos, sendo atacada pela crítica como “interminável”, “incompreensível” e “demasiado barulhenta”. No entanto alguns anos mais tarde, Richard Wagner iria fazer desta sinfonia uma das bandeiras do seu pensamento artístico, atribuindo a Beethoven a ousadia de ter feito “estalar a forma”. Não obstante ser ainda determinante a permanência dentro de modelos clássicos, a 3.ª Sinfonia continha no entanto elementos que permitiriam que tal leitura fosse feita, nomeadamente o apuramento de uma conceção de complementaridade entre as unidades melódica, rítmica, harmónica, tímbrica e formal, numa escala mais ousada do que as de Haydn ou Mozart. É fundamentalmente a partir da 3.ª Sinfonia que Beethoven descobre a sua grande arte sinfónica e tais desenvolvimentos são inovadores na música orquestral da época.

O impacto emocional estabelece-se nos dois primeiros acordes do primeiro andamento, agudizando-se à medida que se desenvolve o conflito sinfónico. Despojado de temas facilmente detetáveis ou dominantes, pela fragmentação da componente melódica num elaborado trabalho motívico partilhado pelos vários instrumentos, este andamento (uma forma de sonata largamente expandida) é profundamente dramático, harmonicamente arrojado e de dimensões consideráveis. Uma trágica Marcha Fúnebre, em Dó menor, com uma secção central contrastante em Dó maior, toma o lugar do tradicional andamento lento. A ausência da percussão é substituída por um pequeno motivo arrastado nos contrabaixos, logo transformado e extensivo às cordas. Todo o andamento é dominado por uma rede rítmica e melódica complexa e de fortíssima tensão emocional. O Scherzo é elaborado a partir de um tema de métrica insólita e o seu trio central faz dialogar três trompas, uma utilização inédita na orquestração sinfónica. O finale é uma série de doze variações que se desenvolvem em forma fugada, impulsionando a música até ao seu final num ímpeto de extrema inevitabilidade. Com o desenvolvimento do finale, Beethoven realizava um dos desígnios de Haydn, o de um andamento conclusivo impressionante, mas equilibrado, onde uma nova culminação de tensão e libertação coloca um ponto final no desequilíbrio provocado pelo primeiro andamento.

Miguel Martins Ribeiro


GUIA DE AUDIÇÃO

 

Por Alexandre Delgado

Neste Guia de Audição, o musicólogo Alexandre Delgado fala-nos de uma das mais importantes obras do segundo período criativo de Beethoven e o ponto alto do “período heroico” do músico alemão.


A Fundação Calouste Gulbenkian reserva-se o direito de recolher e conservar registos de imagens, sons e voz para a difusão e preservação da memória da sua atividade cultural e artística. Caso pretenda obter algum esclarecimento, poderá contactar-nos através de [email protected].

No ano em que se comemoram os 250 anos do nascimento de Ludwig van Beethoven, um dos compositores mais marcantes da História da Música, a Gulbenkian Música dá continuidade à apresentação das sinfonias do compositor alemão. Este programa é integralmente preenchido com a interpretação da célebre Sinfonia n.º 3, Heroica, ponto alto do “período heroico” do músico alemão. Inspirado pela Revolução Francesa, Beethoven desenvolveu uma musicalidade de características épicas e transpôs para a música a aspiração pelos valores humanistas.

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