Composição: 1859
Estreia: Paris, 25 de março de 1860
Duração: c. 23 min.
Aos treze anos de idade, Camille Saint-Saëns ingressou no Conservatório de Paris onde estudou também órgão e composição. Estabeleceu-se inicialmente no meio musical como pianista virtuoso e em 1857 iniciou as funções de organista titular da Église de la Madeleine, lugar que ocuparia durante vinte anos. Foi também professor de piano na Escola Neidermeyer, onde Gabriel Fauré e André Messager foram seus alunos. Popularmente conhecido pela “grande fantasia zoológica” Carnaval dos Animais, que surgiu quando o compositor francês tinha já 50 anos, refira-se no entanto que Saint-Saëns começou no entanto a compor desde muito cedo (ainda na infância), tendo produzido um extenso conjunto de obras em todos os géneros praticados na época, com destaque para os concertos para piano e para as obras baseadas em modelos tradicionais vienenses, como sonatas, música de câmara e sinfonias. Foi dos primeiros compositores a escrever música especificamente para o cinema, mas também compôs obras dramáticas, entre as quais a ópera Sansão e Dalila e o poema sinfónico Dança Macabra.
Completada em 1859, A Sinfonia n.º 2, em Lá menor, é um excelente exemplo de economia orquestral, de coesão estrutural e de domínio da escrita fugada. Depois de um curto prelúdio inicial, é exposto um brilhante fugato sobre o mesmo tema, com quatro entradas nos naipes das cordas e madeiras. As duas últimas entradas são acompanhadas, nos violinos, por um motivo ondulante que, de algum modo, desempenha as funções de contratema. Um tema secundário, menos impetuoso, surgirá depois nas cordas. No amplo desenvolvimento combinam-se habilmente os harpejos iniciais, o tema e o contratema. A simplicidade de escrita define um segundo andamento que se desenrola a partir da introdução de uma melodia de caráter pastoral. O Scherzo seguinte divide-se em duas secções, começando por nos propor um tema enérgico nas cordas. Um segundo tema de caráter marcial virá depois a surgir no oboé e nas cordas. No final da primeira secção deste andamento, uma sucessão de harpejos trazem-nos reminiscências da introdução da sinfonia, enquanto o segundo tema voltará a reaparecer no quarto andamento. O último andamento, uma exuberante tarantela, determinada e triunfal, é pontuado por uma breve e serena meditação, terminando em seguida a sinfonia com um ímpeto vertiginoso.
Miguel Martins Ribeiro