Pelléas et Mélisande

Orquestra Gulbenkian / Mihhail Gerts

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Orquestra Gulbenkian
Mihhail Gerts Maestro
Anna Paliwoda Violino

Gabriel Fauré
Suite Pelléas et Mélisande, op. 80

– Prélude: Quasi adagio
– Fileuse: Andantino quasi allegretto
– Sicilienne: Allegro molto moderato
– La mort de Mélisande: Molto adagio

Composição: 1898 / 1900
Estreia: Paris, 3 de fevereiro de 1901
Duração: c. 18 min.

A relação entre as práticas musicais e o universo teatral configuraram-se de uma forma particular ao longo do Romantismo. Além do universo específico do teatro dito musicado, as apresentações de obras de teatro declamado incluíam números musicais, normalmente interpretados por um pequeno efetivo instrumental. Nesse contexto, a peça teatral simbolista Pélleas et Mélisande, escrita por Maurice Maeterlinck e estreada em 1893, inspirou a criação de diversas obras musicais. Por exemplo, entre 1893 e 1905, vários compositores (tais como Debussy, Schönberg ou Sibelius) apresentaram obras associadas a essa peça, da ópera ao poema sinfónico, passando pela música de palco.

Na década de 1890, Gabriel Fauré visitava regularmente a Inglaterra, onde interagiu com diversas personalidades do meio cultural local, o que se veio a traduzir na realização de encomendas e na apresentação das suas obras. A 21 de junho de 1898 foi apresentada a peça Pelléas et Mélisande no Teatro do Príncipe de Gales, espetáculo para o qual Fauré compôs música original. Conforme era prática comum na época, o compositor extraiu posteriormente alguns números da obra, reorquestrou-os e associou-os sob a forma de suite orquestral. Aos três números selecionados, o compositor juntou uma versão orquestral de uma das suas obras de câmara, igualmente estreada em Londres, a Sicilienne. Estilisticamente, a obra enquadra-se nos modelos formais sinfónicos associados à suite orquestral romântica, apresentando materiais musicais heterogéneos e potenciando a expressividade através de uma abordagem estética na qual a sinuosidade melódica contribui para o deferimento das cadências e subsequente diluição da direccionalidade associada ao sistema tonal. Destaca-se, igualmente, a valorização da orquestração como elemento expressivo, um aspeto central na produção musical de Fauré.

João Silva

 

Henri Dutilleux
Sur le même accord

Composição: 2001-2002
Estreia: Londres, 8 de abril de 2002
Duração: c. 10 min.

O compositor francês Henry Dutilleux, ativo na segunda metade do século XX e início do XXI, pertence a uma galeria exclusiva de compositores que ousaram forjar o seu próprio universo sonoro e poético, reinventando a sua linguagem musical em cada nova obra. Dutilleux estudou piano, harmonia e contraponto no Conservatório de Douai, sob a influência inicial de Fauré e Ravel, e em 1933, ingressou no Conservatório de Paris. Não obstante, a sua formação foi também autodidata, procurando desde cedo uma linguagem pessoal distintiva, à margem da disciplina estética e técnica da denominada “vanguarda” musical do pós-guerra. O apoio que a música de Dutilleux recebeu da parte de alguns dos mais importantes maestros ativos nas décadas de cinquenta e de sessenta foi decisivo para a introdução das suas obras no repertório internacional.

A obra Sur le même accord teve origem numa encomenda da Orquestra Filarmónica de Londres. Foi dedicada a Anne-Sophie Mutter, famosa violinista que a estreou no Royal Festival Hall em 2002, sob a direção do maestro Kurt Masur. Fruto também de um antigo projeto suscitado par Paul Sacher, a obra Sur le même accord poderia ser considerada como o segundo concerto para violino de Dutilleux – depois de L’arbre des songes, concerto escrito para Isaac Stern dezassete anos antes. Tal como o título indica, Sur le même accord repousa quase inteiramente sobre um punhado de notas enunciadas no início pelo violino, vindo estas a ser manipuladas ao longo da obra de diferentes formas. A introdução solista é seguida de uma alternância de várias passagens rápidas e líricas ao longo de um só andamento. O trabalho musical subsequente virá a revelar-se mais ou menos consonante ou dissonante. É apresentado horizontalmente pelo solista e depois reconduzido pela orquestra, e aparece também como um longínquo eco, transmitindo a impressão de distância entre os diferentes instrumentos e traduzindo a ideia do seu subtítulo “Noturno para violino e orquestra”, uma nova exploração do misterioso mundo da noite. A requintada exploração das possibilidades sonoras da orquestra revela, ainda, a proximidade pessoal e familiar de Dutilleux com a pintura.

Miguel Martins Ribeiro

 

Camille Saint-Saëns
Sinfonia n.º 2, em Lá menor, op. 55

– Allegro marcato – Allegro apassionato
– Adagio
– 
Scherzo: Presto
– 
Prestissimo

Composição: 1859
Estreia: Paris, 25 de março de 1860
Duração: c. 23 min.

Aos treze anos de idade, Camille Saint-Saëns ingressou no Conservatório de Paris onde estudou também órgão e composição. Estabeleceu-se inicialmente no meio musical como pianista virtuoso e em 1857 iniciou as funções de organista titular da Église de la Madeleine, lugar que ocuparia durante vinte anos. Foi também professor de piano na Escola Neidermeyer, onde Gabriel Fauré e André Messager foram seus alunos. Popularmente conhecido pela “grande fantasia zoológica” Carnaval dos Animais, que surgiu quando o compositor francês tinha já 50 anos, refira-se no entanto que Saint-Saëns começou no entanto a compor desde muito cedo (ainda na infância), tendo produzido um extenso conjunto de obras em todos os géneros praticados na época, com destaque para os concertos para piano e para as obras baseadas em modelos tradicionais vienenses, como sonatas, música de câmara e sinfonias. Foi dos primeiros compositores a escrever música especificamente para o cinema, mas também compôs obras dramáticas, entre as quais a ópera Sansão e Dalila e o poema sinfónico Dança Macabra.

Completada em 1859, A Sinfonia n.º 2, em Lá menor, é um excelente exemplo de economia orquestral, de coesão estrutural e de domínio da escrita fugada. Depois de um curto prelúdio inicial, é exposto um brilhante fugato sobre o mesmo tema, com quatro entradas nos naipes das cordas e madeiras. As duas últimas entradas são acompanhadas, nos violinos, por um motivo ondulante que, de algum modo, desempenha as funções de contratema. Um tema secundário, menos impetuoso, surgirá depois nas cordas. No amplo desenvolvimento combinam-se habilmente os harpejos iniciais, o tema e o contratema. A simplicidade de escrita define um segundo andamento que se desenrola a partir da introdução de uma melodia de caráter pastoral. O Scherzo seguinte divide-se em duas secções, começando por nos propor um tema enérgico nas cordas. Um segundo tema de caráter marcial virá depois a surgir no oboé e nas cordas. No final da primeira secção deste andamento, uma sucessão de harpejos trazem-nos reminiscências da introdução da sinfonia, enquanto o segundo tema voltará a reaparecer no quarto andamento. O último andamento, uma exuberante tarantela, determinada e triunfal, é pontuado por uma breve e serena meditação, terminando em seguida a sinfonia com um ímpeto vertiginoso.

Miguel Martins Ribeiro


GUIA DE AUDIÇÃO

Por Jorge Rodrigues

Já pode ouvir o Guia de Audição dos concertos desta semana, com Jorge Rodrigues a ajudar-nos a descobrir as obras de três compositores franceses.


A Fundação Calouste Gulbenkian reserva-se o direito de recolher e conservar registos de imagens, sons e voz para a difusão e preservação da memória da sua atividade cultural e artística. Caso pretenda obter algum esclarecimento, poderá contactar-nos através de [email protected].

Nos últimos anos, tem sido notável a firme ascensão do jovem maestro estónio Mihhail Gerts, marcada com estreias sucessivas à frente das mais prestigiadas orquestras internacionais. O humor, a simpatia e o poder de comunicação são fortes características da sua personalidade, evidenciando-se com naturalidade nas suas presenças em palco e na relação com os músicos e com as obras que dirige. Aliando rigor, energia e expressividade, aborda com igual desenvoltura as mais importantes obras dos repertórios orquestral, da ópera e do bailado.

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