Exposição individual e itinerante da artista brasileira Beatriz Milhazes (1960), organizada pelo Centro de Arte Moderna (CAM), com a colaboração da Fondation Beyeler, em Basileia, onde a mostra havia sido previamente apresentada. Inaugurada a 16 de fevereiro de 2012, no CAM, ocupou toda a Nave (piso 0) do edifício, assim como o Hall e a Sala A, partilhando honras de abertura com a exposição dedicada a Rosângela Rennó, «Rosângela Rennó. Frutos Estranhos».

Maioritariamente composta por pintura e colagem, foi a primeira exposição institucional da artista em Portugal, pretendendo dar a conhecer ao público português a sua produção artística, ainda algo desconhecida, como a própria destaca: «Acho que é importante ter as pinturas e colagens pois será minha primeira mostra institucional em Portugal e muitos não conhecem meu trabalho. A relação com a mostra Beyeler creio ser também um ótimo link.» (Carta de Beatriz Milhazes, 2011, Arquivos Gulbenkian, CAM 00662)

Com o intuito de mostrar um entendimento entre o modernismo brasileiro e europeu, a arte de Beatriz Milhazes destaca-se pela sua exuberância, musicalidade e diversidade cromática, características que podem ser vistas nas colagens apresentadas, compostas muitas vezes a partir de materiais do quotidiano, como invólucros de rebuçados e chocolates.

A exposição é apresentada em Lisboa após itinerâncias em Basileia, na Fondation Beyeler (entre 29 de janeiro e 15 de maio de 2011), e na Galerie Max Hetzler, em Berlim (entre 10 de setembro e 5 de novembro de 2011).

As obras apresentadas são, na sua maioria, transversais a todas as itinerâncias, ainda que o conjunto de quatro telas intitulado Gamboa Seasons e o móbile Gamboa sejam o foco da exposição. Gamboa Seasons ilustra as estações do ano no Rio de Janeiro, e a largura das telas varia consoante a duração da estação. Já o móbile Gamboa, inspira-se no Carnaval carioca, mostrando a forma como a artista se inspira no ambiente da sua cidade natal.

Para Lisboa, Beatriz Milhazes faz uma pintura em vinil adesivo, recortado e colado – Jardim Verde –, que pretende ser um site-specific para estabelecer uma relação entre o espaço arquitetónico da exposição e o jardim que «entra» pelas janelas da Nave, aludindo ao projeto que a artista havia realizado anteriormente para o restaurante da Tate Modern, em exposição entre 2005 e 2007.

Acompanhado por um caderno de exposição criado especificamente para a mostra no CAM, o catálogo da exposição é comum às itinerâncias em Basileia, Berlim e Lisboa, reunindo fotografias que mostram a organização do espaço expositivo na Fondation Beyeler e textos de uma das curadoras da exposição, Michiko Kono, e do crítico e curador de arte contemporânea Delfim Sardo.

A exposição foi acompanhada por um conjunto de iniciativas bastante significativo, das quais se destacam workshops e visitas guiadas com a artista e as curadoras, estabelecendo, em simultâneo, uma relação com a exposição de Rosângela Rennó.

Com encerramento inicialmente previsto para 13 de maio de 2012, a exposição seria prolongada até ao dia 20 de maio de 2012.

Patrícia Simões, 2019