Exposição individual e itinerante da artista brasileira nascida em 1962, em Belo Horizonte, organizada pelo Centro de Arte Moderna (CAM), com a colaboração do Fotomuseum Winterthur e com o alto patrocínio da Embaixada do Brasil em Portugal. Apresentada num primeiro momento em Lisboa, a exposição seguiria depois para a Suíça, para o Fotomuseum Winterthur, onde esteve patente entre 9 de junho e 19 de agosto de 2012, ficando a curadoria a cargo do diretor e curador do museu, Urs Stahel.

A exposição em Lisboa, com a curadoria de Isabel Carlos, seria inaugurada a 16 de fevereiro de 2012, partilhando honras de abertura com a exposição de outra artista brasileira, Beatriz Milhazes, intitulada «Beatriz Milhazes. Quatro Estações». Ambas as exposições foram um forte testemunho da qualidade da produção artística contemporânea brasileira.

Trabalhando media como a fotografia, o vídeo e a instalação, «Rosângela Rennó. Frutos Estranhos» constituiu a maior exposição antológica dedicada à artista até então. Nas palavras da curadora, «a obra de Rennó alerta-nos constantemente para o uso da imagem fotográfica como dispositivo social e político e, simultaneamente, instaura uma nova percepção da fotografia dita comum ou de uso funcional» (Carta de Isabel Carlos para Moira Pinto Coelho, 27 set. 2011, Arquivos Gulbenkian CAM 00659). Estas questões ficam patentes na própria escolha do título, «Frutos Estranhos», que remete para uma série de trabalhos realizados pela artista em 2006, que analisavam o debate entre o analógico e o digital.

Apresentando um conjunto variado de obras, a artista trouxe à Fundação Calouste Gulbenkian um lado mais reflexivo da arte brasileira, evidenciando temáticas como o colonialismo e o racismo e dando novos significados a imagens que ficaram esquecidas no tempo e a histórias privadas que não tiveram lugar nas narrativas oficiais.

O projeto museográfico ficou a cargo de Cristina Sena da Fonseca, que construiu, no piso 1 e na Sala B do CAM, um percurso expositivo assente na ideia de viagem e de diáspora da imagem, como afirma Isabel Carlos no catálogo da exposição: «Uma outra vertente que atravessa a exposição é a da viagem ou diáspora das imagens ou de como o modo de captar é diverso consoante somos turistas, viajantes ou emigrantes e de como por sua vez as imagens viajam de um lugar para o outro, de continente a continente […], de um contexto para outro.» (Rosângela Rennó. Frutos Estranhos, 2012, p. 27)

O catálogo, comum às duas itinerâncias em Lisboa e Winterthur, apresentou textos de Isabel Carlos, Urs Stahel e Nuno Crespo, complementados por um conjunto de imagens das obras da artista, assim como a lista completa dos seus trabalhos. A apresentação no CAM foi acompanhada igualmente pela edição de um folheto.

Em torno da exposição desenvolveu-se um conjunto diversificado de programação paralela, através de workshops e visitas guiadas, promovendo-se igualmente pontes com a exposição «Beatriz Milhazes. Quatro Estações», por intermédio de visitas com a presença de ambas as artistas e da curadora Isabel Carlos.

Patrícia Simões, 2019