­A exposição «Chevaux Vainqueurs. Une Mosaïque Romaine de Torre de Palma (Portugal)» inaugurou a 13 de janeiro de 1994, no Centre Culturel Calouste Gulbenkian (CCCG), sede da delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, tendo como objetivo a divulgação em França do mosaico dos cavalos da villa romana de Torre de Palma, em Portugal, cuja importância foi defendida pela diretora do CCCG, Maria de Lourdes Belchior: «O Mosaico dos Cavalos da villa hispano-romana de Torre de Palma merece a divulgação que a exposição de Paris proporciona. É a primeira vez que uma exposição deste género se faz no 51 da Av. d'Iéna.» (Chevaux Vainqueurs. Une Mosaïque Romaine de Torre de Palma, 1994)

A exposição inseriu-se no âmbito de um conjunto de encontros promovidos pelo CCCG, em que participaram investigadores portugueses e franceses e cujo programa pretendeu contribuir «para um balanço da colaboração luso-francesa em determinados sectores das ciências exactas e das ciências humanas» (Ibid.).

No dia da inauguração, e inserida neste programa, foi proferida uma conferência por Mariano Gago, intitulada «La recherche scientifique au Portugal: collaboration avec la France». Além deste, tiveram lugar outros eventos na delegação da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, também em janeiro, integrados no conjunto de atividades relacionadas com a colaboração luso-francesa no campo das ciências humanas, nomeadamente encontros que estimularam o debate sobre linguística, arqueologia romana, física e biologia.

Fruto do projeto luso-francês «Mosaicos Romanos do Sul de Portugal», dirigido por Janine Lancha, maître de conférences na Universidade Lumière Lyon 2, e Adília Alarcão, diretora do Museu Monográfico de Conímbriga, a exposição apresentou não só o mosaico dos cavalos, cedido pelo Museu Nacional de Arqueologia, com o apoio de Simonetta Luz Afonso, diretora do Instituto Português de Museus, como alguns documentos e material fotográfico relacionados com a recuperação e o restauro do sítio arqueológico. Neste sentido, o catálogo publicado no âmbito da exposição, em francês e português, reúne várias informações acerca do mosaico, desde a sua descoberta na villa romana de Torre de Palma, em 1947, até aos seus restauros mais recentes.

Várias instituições e personalidades, portuguesas e francesas, apoiaram o projeto de recuperação do mosaico de Torre de Palma, nomeadamente A. Carlos Silva, diretor do Serviço Regional de Arqueologia da Zona Sul, A. Pestana de Vasconcelos, diretor regional do Instituto Português do Património Arquitetónico e Arqueológico em Évora, Ana Carvalho Dias, responsável pela conservação do sítio de Torre de Palma, o Institut des Sciences Humaines et Sociales, a Embaixada de França em Portugal, o Centre National de la Recherche Scientifique e a Commission des Fouilles do Ministério dos Negócios Estrangeiros franceses.

O mosaico romano dos cavalos de Torre de Palma, hoje um dos mais célebres da Península Ibérica, encontrava-se numa importante villa do século IV, escavada pelo arqueólogo Manuel Heleno, diretor do Museu Nacional de Arqueologia (MNA), entre 1947 e 1956. Em seguida, o mosaico foi transferido para um suporte de cimento e esteve em exposição no MNA até 1982, data em que foi retirado para se proceder ao seu restauro.

A sala onde se encontrava originalmente constituía a entrada solene de uma sala trilobada que se pensa ter sido o stibadium triplo da villa, ou uma sala de jantar, em forma de sigma grego, em conformidade com a disposição de outras villae tardias do mundo romano, estudadas por K. M. D. Dunbabin. A decoração de espaços com cavalos vencedores de corridas foi um dos temas mais frequentemente tratados nos mosaicos efetuados por mosaicistas africanos, encontrando-se repetido na sala com abside da casa n.º 10 de Bulla Regia, na Tunísia.

Segundo Maria de Lourdes Belchior, em carta dirigida a Adília Alarcão, a exposição foi um êxito, tendo sido posteriormente apresentada no Musée Archéologique Henri Prades, na Comuna de Lattes, e divulgada na revista francesa Archéologia.

Carolina Gouveia Matias, 2018