A exposição «A Recuperação de Teatros no Séc. XIX em Espanha» esteve aberta ao público na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna (CAM), de 23 de outubro a 7 de novembro de 1991. Foi constituída por doze painéis e por alguns vídeos relacionados com o tema.

Organizada pelo Ministério das Obras Públicas e Transportes de Espanha, em colaboração com a Embaixada de Espanha em Portugal, a mostra inseriu-se no programa do colóquio «Arqueologia e Recuperação dos Espaços Teatrais», o qual foi realizado entre 23 e 26 de outubro de 1991, na Sala Polivalente do CAM, e contou com a participação de Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha e Inglaterra. Para o colóquio contribuiu também o Goethe-Institut e o Institut Franco-Portugais, com apoios que permitiram a presença dos convidados em Lisboa.

Realizado pelo Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE) e pelo CAM, entre 25 e 26 de outubro de 1992, o colóquio dedicou-se às questões associadas à conservação dos teatros em Portugal, debatendo a degradação dos edifícios e a sua recuperação, tendo procedido para esse efeito ao levantamento dos teatros da região de Coimbra, Capital Nacional do Teatro em 1992.

O Serviço de Belas-Artes da Fundação Calouste Gulbenkian também apoiou a produção deste colóquio, através da concessão de um subsídio e intervindo com uma comunicação intitulada «Equipamentos e Espaços Teatrais: Dados sobre a acção da Fundação no âmbito do Serviço de Belas-Artes». Todas as comunicações realizadas no colóquio foram compiladas no livro Arqueologia e Recuperação dos Espaços Teatrais, editado pelo ACARTE em 1992.

A exposição apresentou alguns resultados do projeto de recuperação de teatros do século XIX em território espanhol, iniciado em 1983 pela Dirección General para la Vivienda y Arquitectura, ao qual, por convénio de 3 de dezembro de 1985, aderiu o Ministério da Cultura, por intermédio do INAEM (Instituto Nacional de las Artes Escénicas y de la Música).

O programa tinha o seu fim previsto para 1993, altura em que estariam recuperados mais de cinquenta edifícios, através do contributo do Ministério das Obras Públicas, do Ministério da Cultura e de outros organismos envolvidos, como câmaras, juntas e comunidades autónomas.

Entre os vários efeitos gerados por este importante programa, além da recuperação de um conjunto de edifícios pertencentes ao património cultural e artístico espanhol que se encontravam em estado de degradação, contam-se as repercussões na vida local, «ao permitir que as companhias contem com uma vastíssima rede de palcos para a apresentação dos seus espectáculos, rentabilizando deste modo montagens que, por não existir esta circunstância, poderiam inclusive não ter sido realizadas» e a «recuperação de áreas urbanas deprimidas», muitas vezes em zonas marginalizadas ou de periferia e às quais voltou a ser dado destaque (A Recuperação de Teatros no Séc. XIX em Espanha, 1991).

A exposição foi divulgada na revista Colóquio/Artes. Sobre o projeto que deu origem à exposição, disse Margarida Acciaiuoli: «Foi simultaneamente a prova e a evidência de um trabalho de facto, onde uma espécie de equilíbrio cívico e cultural se dispôs a encarar de frente estas vertentes do problema.» (Acciaiuoli, Colóquio/Artes, mar. 1992, pp. 51-52)

Também Manuel João Gomes destacou a importância da exposição na divulgação da recuperação dos espaços culturais espanhóis em Lisboa: «Na Sala de Exposições Temporárias do CAM, está documentado esse trabalho impressionante, explicado nas comunicações com a ajuda de diapositivos.» (Gomes, Público, 28 out. 1992, p. 33)

Numa carta assinada por Cristina Narbona Ruiz, diretora-geral para a Vivienda y Arquitectura, do Ministério das Obras Públicas e Transportes de Espanha, surge a referência de uma itinerância da exposição a várias cidades portuguesas embora não tenha sido possível apurar quais.

Carolina Gouveia Matias, 2018