A exposição itinerante de fotografia de Rui Ochôa (1948) «A Fundação Calouste Gulbenkian e o Património Histórico Português no Estrangeiro» foi apresentada pela primeira vez no Centre Culturel Calouste Gulbenkian, em Paris, de 18 de setembro a 17 de outubro de 2001.

Antes desta apresentação, o conjunto fotográfico foi exposto com o título «Oriente, Ocidente. Preservação do Património Histórico Português no Estrangeiro», na Zona dos Congressos da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), por ocasião do lançamento do livro Portugal: As Sete Partidas para o Mundo, de Maria João Avillez, que inclui estas fotografias. O lançamento aconteceu a 30 de outubro de 2000 e contou com a presença do presidente da República Jorge Sampaio. Foi a partir deste momento que se começou a desenhar a itinerância do conjunto fotográfico, «atendendo ao carácter documental que esta exposição pode vir a assumir no respeitante ao papel preponderante da Fundação na preservação do património histórico e artístico português além-fronteiras, […] como meio de divulgação, não só da acção específica da instituição, mas também da própria cultura portuguesa» (Memória descritiva, 13 jul. 2000, Arquivos Gulbenkian, INT 04276).

A produção da exposição esteve a cabo do Serviço Internacional da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo como coordenadora do projeto e curadora Maria Fernanda Matias, deste Serviço. Colaboraram o Centre Culturel Calouste Gulbenkian, o Instituto Camões, o Fine Arts Department e o National Museum de Banguecoque.

O conjunto fotográfico ilustrava os vários locais intervencionados com o apoio da FCG, através do seu Serviço Internacional. Esta intervenção passou pela recuperação de edifícios e monumentos pertencentes ao património português, a pedido das autoridades de locais geográficos tão díspares como Amesterdão (Holanda), Arzila (Marrocos), Ouidah (Benim), Mombaça (Quénia), Goa e Cochim (Índia), Dacca (Bangladesh), Ayutthaya (Tailândia), Malaca (Malásia), São Luís do Maranhão (Brasil) e Colónia do Sacramento (Uruguai). A par das fotografias, foram também apresentados mapas, desenhos, maquetas e plantas dos monumentos recuperados, da autoria do arquiteto Alfredo Viana de Lima e do engenheiro João Campos.

Estas intervenções foram registadas através do trabalho fotográfico de Rui Ochôa, na altura diretor do serviço fotográfico do jornal Expresso, e resultaram numa obra fotográfica considerada luminosa por José António Saraiva, segundo o qual, a série combinava os testemunhos do passado com a presença das comunidades autóctones.

A itinerância da exposição levou este conjunto fotográfico a ser apresentando em diversos locais depois da sua exposição em Paris. Em seguida, esteve patente no Museu de História da Catalunha (Barcelona), de 14 de março a 14 de abril de 2002; na Academia das Ciências de Lisboa, de 20 de maio a 20 de junho de 2004; na Fundação Engenheiro António de Almeida (Porto), de 16 de setembro a 11 de outubro de 2004; na Aula de Cultura do Banco Bilbao Bizkaia Kutxa (Bilbau), de 12 de janeiro a 15 de fevereiro de 2005; no Forte de São Julião da Barra (Oeiras), em 2006; na Galeria do Museu Antropológico (Coimbra), em 2006; na Torre de Menagem da Fortaleza de Arzila (Arzila), em 2009; no Grande Hall do Edifício Sede da UNESCO (Paris), de 6 a 15 de outubro de 2010, no National Museum de Banguecoque (Tailândia), de 10 de maio a 2 de junho de 2011; no National Museum de Jacarta, em 2011, na Galeria de Exposições Temporárias do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais de Macau, em 2011, e no Seminário Menor de São José (Vila Viçosa), em 2012.

Por vezes, a exposição foi realizada no âmbito de programações mais abrangentes, como em Arzila, onde foi inserida no quadro do festival «31ème Moussem Culturel International d'Assilah». Já a apresentação da exposição na Ásia coincidiu com o ponto alto da evocação dos 500 anos da chegada dos portugueses ao Sião, atual Tailândia, apoiada pela Missão Comemorações Ásia, pela Embaixada de Portugal e pelo Instituto Camões.

Ao longo dos anos da sua itinerância, a exposição foi alvo de uma reformulação significativa, que teve como objetivo a sua atualização visual e de configuração. Maria Fernanda Matias, curadora da exposição, afirmou inclusive que uma das características desta mostra era a sua «geometria variável» («Exposição de Património Português em Banguecoque Tailândia», Instituto Camões [website]).

Além da adição de novo material fotográfico, realizado por João Campos, Lívia Cabral, Aline Oliva, Mário Bertoncini e António Cunha, que acompanhou as mais recentes intervenções da FCG junto do património português, em alguns casos foi feita uma renovação dos núcleos expositivos, segundo projeto da arquiteta Teresa Nunes da Pontes. Esta renovação teve lugar, por exemplo, na exposição realizada na Torre de D. Sebastião em Arzila, Marrocos, para a qual foram reformulados os núcleos alusivos aos locais intervencionados pela FCG em África, e na exposição apresentada na sede da UNESCO, em Paris, para a qual foram renovados os núcleos respeitantes à ação da FCG na América do Sul e na Ásia.

O projeto da arquiteta Teresa Nunes da Ponte passou pela substituição das fotografias e desenhos emoldurados por painéis impressos que incluíam os textos e as legendas inerentes a cada núcleo, com design da autoria de Luís Moreira. Para cada painel, foi pensada uma solução que permitisse facultar o texto e as legendas na língua do país onde a exposição fosse realizada, e aos núcleos expositivos, agrupados por continentes, foram atribuídas cores. A solução encontrada permitia uma maior versatilidade na distribuição dos núcleos e a sua adaptação aos espaços de acolhimento, facilitando o transporte, a embalagem e a montagem do material expositivo. Apesar destas variações, o núcleo central da exposição incluiu sempre maquetas, mapas e painéis de grandes dimensões, com fotografias e textos relativos às intervenções efetuadas ou patrocinadas pela FCG.

Paralelamente, a FCG publicou um levantamento e estudo exaustivos do património português no mundo até ao século XX, distribuído em três volumes e conduzido pelo historiador José Mattoso.

A realização da exposição no Centre Culturel Calouste Gulbenkian (CCCG) foi divulgada pelo jornal Expresso, que deu destaque ao conjunto de figuras importantes que estiveram presentes na inauguração: António Monteiro, embaixador de Portugal; Ana Martinho, embaixadora na OCDE; Francisco Bethencourt, diretor do CCCG; Marcello Mathias, embaixador na UNESCO; e José Blanco, administrador da FCG.

Também a exposição na Academia das Ciências de Lisboa foi divulgada pela imprensa portuguesa, que a aguardava com grande expectativa devido à importância do papel da FCG na recuperação do património português: «Chega finalmente a Lisboa a exposição que Barcelona já viu no Museu de História da Catalunha.» (Carvalho, Diário de Notícias, 20 mai. 2004, p. 44)

Além da publicação de várias brochuras adaptadas aos locais onde a exposição foi apresentada, foi editado, em 2006, por ocasião das celebrações dos cinquenta anos da Fundação, um catálogo redigido em português, inglês e francês, com textos de Emílio Rui Vilar e Maria Fernanda Matias, e a reprodução do conjunto fotográfico de Rui Ochôa e João Campos, acompanhada por textos que descrevem a intervenção da FCG em cada local. Em 2009, este catálogo foi reeditado com os mesmos conteúdos, apesar de conter ligeiras alterações, que passaram pela atualização do papel interventivo da FCG junto do património português.

Por vezes, a exposição contou com programação paralela que incluía a sua divulgação em conferências e colóquios, nos quais se destacou o importante papel da FCG na recuperação do património português. Aconteceu em 2004, com a comunicação realizada por José Blanco, intitulada «A Fundação Calouste Gulbenkian e o Património Português no Mundo», na Sala das Sessões da Academia das Ciências, em Lisboa, em 2009, com a comunicação de Emílio Rui Vilar, intitulada «Le Portugal et l'Afrique», em Arzila, Marrocos, e a 31 de janeiro de 2011, no encontro do Committee on Improving Quality of Life, Exchanges Between Civil Societies and Culture EMPA, que teve lugar no Palácio de São Bento, organizado pela Assembleia Parlamentar Euro-Mediterrânica – um fórum de diálogo internacional que tem como objetivo impulsionar as relações euro-mediterrânicas.

O conjunto fotográfico exposto pertence aos Arquivos da Gulbenkian, que tem no seu espólio material fotográfico referente à montagem e aos aspetos de sala e inauguração de quase todos os locais onde a exposição foi montada. A exposição foi um êxito em todos eles. Em Bilbau, por exemplo, e segundo testemunho do cônsul José Manuel Lomba, numa carta enviada a Emílio Rui Vilar, «a exposição teve um excelente acolhimento por parte do público em geral e dos meios de comunicação, tendo sido decisivos a colaboração e o apoio do banco BBK, e do Director da sua Fundação Senhor Gorka Martínez, que nos manifestou o seu interesse em futuras acções com a Fundação Calouste Gulbenkian» (Ofício de José Manuel Lomba para Emílio Rui Vilar, 1 mar. 2005, Arquivos Gulbenkian, INT 04430).

Carolina Gouveia Matias, 2019