Exposição individual da artista portuguesa, radicada em Paris, Ana Léon (1957). Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian entre 1986 e 1987, Léon expôs na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna uma seleção de trabalhos sobre papel produzidos entre 1990 e 1992.

Nestes desenhos a grafite, aguarelas e aguarelas com elementos a grafite, a artista ensaia formas irregulares, leves e rodopiantes, que parecem flutuar no vazio. A dimensão serial deste conjunto é reforçada pelo mesmo formato de papel branco usado em todos os trabalhos.

O espaço branco da folha é habitado por corpos que se assemelham a finas membranas de cores secas e pouco densas. Em alguns casos, manchas grosseiramente preenchidas a grafite surgem como sombras de outros corpos, que não são visíveis.

As dimensões de presença e ausência são uma constante. No caso dos desenhos a grafite, estas voltam a surgir através de formas que são apenas reveladas pelo seu contorno. A semelhança destas formas vazias com aquelas coloridas leva o observador a estabelecer relações: serão as formas vazias duplos ou negativos das formas coloridas? Ou constituirão estas uma espécie de moldes onde as outras se geraram?

Independente das relações que possam ser encontradas, todos estes trabalhos fazem parte de uma mesma pesquisa em que as ideias de vazio, incorpóreo e multidimensional estão fortemente presentes.

Na sequência desta exposição, foram incorporados na coleção do Centro de Arte Moderna oito dos desenhos a grafite expostos.

Mariana Roquette Teixeira, 2018