Exposição individual do artista plástico português José Pedro Croft (1957), organizada pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP), com a curadoria do seu diretor, Jorge Molder, entre 9 de outubro de 2006 (dia da inauguração) e 7 de janeiro de 2007.

Contemporâneo de outros artistas, como Pedro Calapez, Pedro Cabrita Reis e Ana Léon, José Pedro Croft estudou Pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, entre 1976 e 1981, colaborando, durante os primeiros anos de trabalho, no ateliê do escultor João Cutileiro. Ao longo de vários anos dedicou-se à escultura, expondo regularmente desde 1981.

A par do seu trabalho escultórico, José Pedro Croft desenvolve trabalhos em desenho e gravura na década de 1990, nomeadamente um conjunto de gravuras impresso em Barcelona nas famosas oficinas de Tristan Barbarà. Em 1994, o artista já tinha visto o seu trabalho exposto no CAMJAP (duas esculturas em gesso e madeira e um conjunto de gravuras), onde as três disciplinas artísticas a que se dedicava (escultura, desenho e gravura) estiveram representadas em pé de igualdade (José Pedro Croft. Gravura, 2006).

Conduzido por Jorge Molder e Cristina Sena da Fonseca, o projeto expositivo desta mostra de 2006 foi desenvolvido com a preocupação de sublinhar «a importância e autonomia da sua obra de desenho e gravura» (José Pedro Croft. Gravura, 2006, p. 5). As obras apresentadas, provenientes da coleção pessoal de Croft, mas também da Galeria Quadrado Azul e da Galeria La Caja Negra, tinham grande impacto visual, reforçado pela dimensão de algumas das peças do conjunto. As cores ocuparam o centro visual das gravuras, num «contraste entre luz, sombras e trevas, entre claro e escuro, transparência e opacidade, entre dia e noite; entre superfície e profundidade», tal como enfatizou Isabel Matos Dias, professora de Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no catálogo da exposição (José Pedro Croft. Gravura, 2006, pp. 6-9).

O catálogo, de edição bilingue e editado pelo CAMJAP, contém uma introdução de Jorge Molder, um texto de Isabel Matos Dias, a reprodução das obras expostas e uma breve biografia de José Pedro Croft.

O diretor do CAMJAP aludiu ao percurso e ao trabalho de Croft nos últimos doze anos, a contar da última exposição na FCG, como um «jogo que move o simples e o complexo, o material e o imaterial», sendo este «o seu poder de encantamento, a sua força e o seu modo» (José Pedro Croft. Gravura, 2006, p. 5).

Por sua vez, para Isabel Matos Dias as gravuras de José Pedro Croft obrigam a uma dupla observação, a um exercício de interpretação mais aprofundado, numa troca intensa de sensações que «atravessam o corpo e os sentidos» (José Pedro Croft. Gravura, 2006, p. 8). «A obra escultórica de José Pedro Croft é inquestionável e ninguém duvidará em encontrar aí a matriz da sua arte. Contudo, a sua outra obra, quer como desenho, quer como gravura, é igualmente importante e autónoma. E esta exposição deixa bem claro este último ponto.» (Ibid.)

A título de programação associada, e à semelhança do que acontece habitualmente na Fundação Calouste Gulbenkian, a exposição beneficiou da organização de algumas visitas guiadas.

Joana Atalaia, 2019